Leitor amigo, perdoe-me pelo ostracismo intelectual. Mas já dizem os poetas boemios - detesto os poetas sóbrios - escrever é algo que para ocorrer necessita de três elementos prévios: tempo, inspiração e prazer de ofício. Desses apenas o último se faz presente agora. Bom, antes que me julguem pedante pelo título acima, aviso que o pedantismo faz parte de mim na mesma medida que a humildade, ou seja, não possuo tais 'virtudes', talvez o desenho mais real de mim seja o fato de ter aparelho digestivo igual a vocês, daí, produzo fedor também.
O fato que ora me faz sair do ostracismo intelectual não é nada nobre, menos ainda se julgar que a situação ocorrera no dia 04 de outubro de 2013 [emancipação política de Cedro de São João/SE] uma data festiva, onde jovens sonhadores misturam sorrisos com cores e festejam a data máxima da identidade local. Pois bem, abandono agora meu teatro introdutório e parto em direção aos fatos.
Ao meio dia, quando saia de minha residência fui parado pelo Excelentíssimo senho prefeito Claudionor Vieira de Melo. Prontamente parei com a atenção que me caracteriza, e se seguiu o diálogo que ora tomarão conhecimento.
O Excelentíssimo senhor prefeito me desejou bom dia e disse, eu vou lhe pedir um favor e estou certo que vai me atender, pois é um jovem intelegente e conhecedor das coisas. Por favor, quando você retirar o seu lixo caseiro ponha-o na porta da sua casa e não do outro lado da rua. Vale lembrar que o local onde eu deixo o lixo empacotado não possui residência alheia e sim a cerca de um loteamento, que por sua vez pertence ao vice-prefeito.
Fiquei surpreso com o pedido, porém lhe assegurei que a partir daquela data o lixo voltaria a ser colocado onde sempre deixei, desde o momento em que fui morar na residência atual, para ser mais exato, maio deste ano. E que não iria apresentar resistência posto que o pedido partia de um vizinho ilustre. Dei minha palavra como garantia, porém fiz a seguinte ressalva, expanta-me que a queixa tenha partido de Vossa Excelência, visto que, não é o proprietário do terreno, ou seja, não infringir o direito de vizinhança.
Ao que ouvir como resposta: - Não sou o dono do terreno, mas sou o prefeito da cidade! [foi uma carteirada ou não? Ajudem-me a entender.]. Falei ao Excelentíssimo senhor prefeito, que havia escutado suas palavras e as recebiam como vindas de um vizinho de rua, todavia como naquele instante estava a falar na condição de prefeito seria ideal que agisse com formalismo e me notificasse para aí sim, tomar conhecimento da minha infração, pois se veio a mim na condição de prefeito me advertir, deve haver um amparo legal para tanto, talvez uma lei municipal que trata da coleta e destinação do lixo doméstico e ele não condição de gestor 'temporário' deve conhecer melhor que eu, mero professozinho de quinta.
Na ocasião sugerir ao Excelentíssimo senhor prefeito que fizesse uso de uma ideia inteligente e instalasse tonéis especificos para coletar o lixo dos moradores da rua, anúncios em carros de som, panfletos... assim evitaria essa situação. Contudo, o Excelentissimo senhor prefeito informou que já havia colocado carro de som para informar a população, falei que desde meu regresso a Cedro nunca ouvir esse tipo de anuncios. Àquela altura a esposa do Excelentíssimo senhor prefeito, que estava no carro com o mesmo ouvindo a tudo feito flores num jardim, se cansou da minha facúndia e resolveu entrar em sua residência e para não me alongar mais fiz uma última indagação, perguntei ao Excelentíssimo senhor prefeito se ele iria conversar com todas as pessoas da cidade que coloam o lixo doméstico em local inadequado, ou se a honra seria somente minha. Ele me respondeu que não iria fazer, mas que já havia conversado com um dos meus vizinhos, ou seja, moram de inveja, pois o cidadão notabilíssimo de Cedro de São João sou eu. Por fim, para não me alongar me despedir.
Sensível ao apelo do meu vizinho ilustre e a determinação do Excelentíssimo senhor prefeito, vale lembrar ambos são a mesma pessoa, pela rua onde moramos, resolvir ouvir outros vizinhos e sair no final da tarde a ouvi-los, pasmem! Para minha surpresa meu vizinho da direita me confirmou que o prefeito nunca falou sobre o tema com ele, inclusive, disse que ele passa e não fala com ninguém [coitado do meu vizinho, esqueceu que não estamos em época de campanha eleitoral], o meu vizinho da esquerda disse a mesma coisa, o da casa em frente idem, outro morador da rua que é mais vizinho do Excelentíssimo senhor prefeito do que meu, dado a localização geográfica da vizinhaça, me falou que nunca falara com o Excelentíssimo senhor prefeito e que por sinal, afirmou que já viu por mas de uma vez familiares do Excelentíssimo senhor prefeito colocando lixo no local onde o mesmo me determinou que não colocasse. Opa! Assim não pode nao é. Talvez o Excelentissimo senhor prefeito seja daqueles que diz, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Outra moradora da rua também me confirmou já ter visto por mais de uma vez familiares que moram com o Excelentíssimo senhor prefeito colocando lixo no local condenado por ele. Vejamos, das duas uma, ou o Excelentissimo senhor prefeito e sua esposa, às vezes, se propõe a fazer atividades domésticas e jogam lixo no local indevido também, o que acho pouco provável a julgar pela ocupação diária dos dois ou, então, não estão a saber como anda sendo administrada sua casa [que isso não ocorra na prefeitura, senão...].
Olha vejam só, vocês devem estar se perguntando, porque este notabilíssimo cidãdão de Cedro, isto é, EU, trouxe este assunto à público. Explico, por dois motivos, primeiro porque ele não me pediu segredo, pois se tivesse eu perguntaria, quem estar a pedir segrego, o vizinho ou o Excelentissimo senhor prefeito? Se a resposta fosse o segundo não cumpriria. Segundo, porque entendo que asuntos da adminstração pública devem ser publicizados, afinal isso é TRANSPARÊNCIA. Além do mais, confesso que me sentir a última gota da última coca cola com rato do deserto, ou melhor, como diz Roberto Carlos, o cara.
É comum ouvir as pessoas dizendo que nunca conseguem encontrar tempo para uma audiência com o Excelentissimo senhor prefeito e de repente, assim do nada, ele faz sinal da janela do seu Corola Prata para falar comigo... confesso que gostei do início da nossa conversa, quando ele me adjetivou como 'jovem', 'inteligente','conhecedor', meu termômetro de vaidade foi la na casa de São Pedro e por lá ficou... mas, quando fiz a resalva, não sendo o dono do terreno, logo porque se queixa? Ele, supostamente magoado, pois esperava, talvez, encontrar alguém subserviente, segurou o queixo com as mãos e falou com voz tridente: - Eu falo porque sou o prefeito da cidade! E voltou a segurar o queixo com as mãos, pois ao invés de mandar ele se envolver com as coisas sérias que ele anunciou na abertura dos trabalhos legislativos e lhe dar um até logo... respondir cautelosa e serenamente, na condição de gestor me notifique, pois passarei a saber da infração cometida e prontamente corrigirei o ato e os danos causados. Adoraria ter acesso ao teor da notificação, mas receio que está nunca venha.
Eis aqui minha versão do fato ocorrido ao meio dia do dia 04 de outubro de 2013, na conhecida rua das sete casas. Agora, ponho este espaço à disposição do Excelentíssimo senhor prefeito e/ou dos seus sequazes [e olhe que há muitos, alguns velhos de idade e de ideias e outros jovens de idade e fetidos de intelecto] para apresentar outra versão dos fatos, caso discordem desta.
Antes de parti duas perguntas, primeira, sou ou não sou o cidadão notabilíssimo de Cedro de São João? Segunda, estamos comemorando quase cem anos de emancipação política, e a emancipação civil, democrática... quando virá?