segunda-feira, 21 de outubro de 2013

RAPUNZEL ÀS AVESSAS



Olhava-te da janela.
Enquanto você me fitava...
retribuindo
seduzindo
provocando
infernizando...
Meu coração impulsivo
so te julgava no Imperativo
deixou-me em pânico
e sedento por ti.

Meu olhar tateava em teu corpo
[feito cego em moradia alheia]
pois, minhas mãos estavam petrificadas
pelo vazio espacial que nos separava.
Enquanto isso, você se movia
como se aceitasse minhas carícias.

Tudo acontecia ali
diante do Sol confidente
que reluzia em teus cabelos
como que tentando metamorfoseá-la
numa princesa feérica.

Nesse instante, trocamos de papéis
enquanto, solitário, aguardava-a na torre
admirando petrificado seus fios dourados
que por força da convenção coercitiva
não vinha me resgatar de forma lendária.

Você se punha à espera de mim
entre:
as flores do jardim da praça,
o coreto de arquitetura neoclássica
e a multidão coadjuvante
...
Não imaginas como te desejei.
Afinal, estavas ali, tão perto,
tão ao meu alcance...
Faltou-me as tranças
para trazê-la até mim
e, quem sabe assim
teus lábios pudessem tocar os meus.


[José Ailton Santos] 

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