domingo, 27 de outubro de 2013

TRAGÉDIA EM CENA, O ESPETÁCULO É VOCÊ!



Precisamos receber uma bofetada no queixo?
Ou, porventura, fosse melhor um tapa de mão aberta
bem no meio da nossa face?
Ou ainda, quem sabe, um soco no estomago?
De preferência, que nos deixe sem ar, agonizando.
Perfeito! Bravo! É isso!

1, 2, 3 Gravando!

O fato é que precisamos despertar.
Urge que acordemos. 
Precisamos sair da condição de expectadores.
Chega de ser paisagem em filme de Cowboy americano.

Necessito.
Desejo.
Clamo.
Rogo...

Quero mesmo é atuar
cansei de ser plateia
irritado em aplaudir mediocridade.
Tô de saco cheio da escuridão do teatro.
Amargurado com a vilania dos atores.

CORTA!

Não! Ainda não.
Tenho algo a dizer.
Precisamos  rasgar a cortina do teatro
e mostrar nossa cara em cena
É! Isso mesmo, nossa cara
para assustar a multidão
que segura a cabeça com a mão.

Palmas! Palmas! Palmas!

Palmas? Palmas? Palmas, que nada.
Precisamos é parar de provocar o riso
e despertar na plateia
a revolta,
a fúria,
o ódio,
a ira...
e, por fim, o desejo insano de apedrejar
todos os atores, que faz tempo estão em cartaz.
Encenando coisas que nos deixam xilocaínados.

FIM DO ESPETÁCULO

Público atônito,
um ator possesso no palco
e, em sua mão uma vela,
que derrete a queimar a epiderme
insensível à dor.



[José Ailton Santos] 

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