domingo, 14 de julho de 2013

ESPELHO INTERIOR


No silêncio das horas,
 durante a noite intensa e fria,
 converso com
 Cecília Meireles 
e seu Retrato.















O meu rosto de hoje
são pinceladas da vida que vivi
e o retrato de agora:

nunca foi calmo,
jamais fora triste
e
não é magro.

Os meus olhos
não são vazios, 
ainda se encantam 
com as cores arco-íricas.

E os meus lábios
não se ressecaram 
com as amarguras 
dos amores passados.
De fato, não tem o calor de outrora.
Mas, ainda compartilha beijos.

Minhas mãos,
não estão sem forças
apenas são mais delicadas
Nunca foram: 
paradas
frias
mortas...
são sensíveis e comportadas.

E meu coração,
não se esconde,
aprendeu com a vida 
a nunca mais se magoar
nem magoar semelhantes.
Continua trabalhando
amando [com sabedoria]
pulsando e vivo.

E quanto as mudanças?
físicas, emocionais, espirituais...
                                             [essenciais]
Não me dei conta,
enquanto elas aconteciam
eu as vivia
De modo:
simples
certo
e
fácil

Não me procuro em espelhos,
meu auto/retrato
prefiro construir 
em silêncio e sozinho.




[José Ailton Santos]





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