No silêncio das horas,
durante a noite intensa e fria,
converso com
Cecília Meireles
e seu Retrato.
O meu rosto de hoje
são pinceladas da vida que vivi
e o retrato de agora:
nunca foi calmo,
jamais fora triste
e
e
não é magro.
Os meus olhos
não são vazios,
ainda se encantam
com as cores arco-íricas.
E os meus lábios
não se ressecaram
com as amarguras
dos amores passados.
De fato, não tem o calor de outrora.
Mas, ainda compartilha beijos.
Minhas mãos,
não estão sem forças
apenas são mais delicadas
Nunca foram:
paradas
frias
mortas...
são sensíveis e comportadas.
E meu coração,
não se esconde,
aprendeu com a vida
a nunca mais se magoar
nem magoar semelhantes.
Continua trabalhando
amando [com sabedoria]
pulsando e vivo.
E quanto as mudanças?
físicas, emocionais, espirituais...
[essenciais]
Não me dei conta,
enquanto elas aconteciam
eu as vivia
De modo:
simples
certo
e
fácil
Não me procuro em espelhos,
meu auto/retrato
prefiro construir
em silêncio e sozinho.
[José Ailton Santos]
[José Ailton Santos]

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