domingo, 23 de fevereiro de 2014

A COR DO AMOR

Vem cá minha nega,
que eu vou te pintar,
pois com essa cor
não posso casar.

Se assim o fizeres:
a Igreja não aceita,
meus pais me rejeitam,
a herança será desfeita
e a cidade irá ri de nós.

Se te pinto de branco,
vamos [de mãos dadas]
às ruas:
Rio Branco,
Do Carmo,
Direita,
Esquerda
e do Ouvidor.
Até aos bailes e saraus
contigo irei.
E aos olhos alheios, semelhantes seremos.

Do contrário, sofreremos os castigos:
Você, os próprios da cor
             [atraso, retrocesso, incivilizado, males de origem...]
Eu, os de perder um grande [quiçá, único] amor.


[José Ailton Santos]

Um comentário:

  1. Muitos são os excluídos, mais imaginar o valor de uma árvore pela cor da casca em detrimento de sua essência seria não reconhecer a importância do âmago.

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