Minha respiração ofegante
denunciava meu atraso,
não fosse isso,
seria fácil notar meu destempero.
Não esperava encontrá-la.
Ainda que por um instante
fitei meu olhar no dela
nos saudamos sutilmente e segui adiante.
Apesar do atraso
havia poucos lugares ocupados.
Procurei o assento mais distante
do lugar provável onde sentaria
para quem sabe assim, me recompor
e admirá-la com minuciosidade.
Para meu espanto
e desordem cardio-respiratória
ela percorreu em diagonal
toda extensão do ambiente
e veio acomodar-se
justamente
ao meu lado.
captávamos no ar,
ouvíamos nas ondas,
olhávamos na retina,
percebíamos na pele,
mucosas e vísceras.
Ao final do evento,
nos erguemos aplaudindo...
o tempo se dissipou
e com ele o paladar,
que não foi sentido.
Sentia-me uma criança,
que tendo muitos biscoitos
os distribuí sem egoísmo
porém, percebendo que se escasseiam
morde os últimos aos poucos
e os esconde de tudo e todos.
Minha alma apressada questionou,
quando a encontrarei novamente?
O olhar distante, de quem parte saudosa,
respondeu cheio de incertezas.
Em breve.
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe, Pós Graduado pela Faculdade Pio X em História do Brasil, Graduando do curso de Administração de Empresas pela UNIT, ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela ANBIMA, blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe, Pós Graduado pela Faculdade Pio X em História do Brasil, Graduando do curso de Administração de Empresas pela UNIT, ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela ANBIMA, blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].

Acaso é um poema narrativo, que relata um reencontro inesperado entre o eu-lírico e uma figura feminina. Na primeira estrofe, o narrador-personagem chega atrasado a um evento e se depara com a mulher por quem nutre admiração, já que demonstra descontrole emocional ao revê-la. Na segunda estrofe, descreve com sutileza o cumprimento através do breve contato visual, ao ponto que se afasta do motivo de sua aflição, a fim de se recompor e admirar sua figura. Porém, na terceira estrofe, a mulher vai ao encontro do eu lírico, atravessando todo o ambiente para sentar ao seu lado, atitude que denota certa determinação na personagem em enfrentar o reencontro e não fugir (o que causa espanto ao narrador).
ResponderExcluirA próxima estrofe é bastante reveladora, pois indica que há grande sincronicidade e sintonia entre as personagens, percebem-se mutuamente, com os sentidos: visão, audição, olfato ... percepções e sensações alinhadas. A quinta estrofe revela: exceto pelo paladar "que não fora sentido", não houve contato físico.
A sexta estrofe revela talvez o desejo de se compartilhar, revelar esse sentimento (biscoito) ao mundo, mas, por algum impedimento, guarda-o para si, "esconde de tudo e todos".
A última estrofe demonstra a ânsia do próximo encontro em ambos, há o desejo de que seja em breve, mas é subjuntivo... incerto. A única certeza é de que há saudade... surge um questionamento: é possível ter saudade do que nunca se vivenciou?
Olá, minha amiga, Priscila. Sou extremamente grato pelas suas contribuições, espero que elas sigam junto com textos futuros. Vale relatar, inclusive, que outros amigos leitores tem revelado para mim a beleza dos seus comentários.
ExcluirMais uma vez, obrigado!
Massa
ResponderExcluirBelo poema.
ResponderExcluirDeixa no ar uma continuação...
Remete lembranças da adolescência, com seus sentimentos aflorados e retraídos.