O motivo deste texto não são minhas ideias e crenças e sim o louvor a um homem e, mais que isso, ao exemplo de vida deixado. Essencialmente, todos os homens são iguais. No entanto, nem todos vivem de modo semelhante. Sem delongas, venho prestar minha homenagem ao egrégio membro do parlamento municipal de Cedro de São João, Vereador Eronildes Francisco da Rocha, conhecido popularmente pela alcunha de Xéu, falecido na última quinta-feira [22 de janeiro de 2014].
Aqui, não vou me debruçar sobre a vida pessoal, familiar, íntima, pois tenho consciência que não sou a pessoa mais apropriada. Desconheço-o nesse aspecto. Todavia, posso falar do homem público, do parlamentar que foi, ainda que de modo breve. Presenciei algumas sessões na câmara municipal e pude ouvir e avaliar a conduta do nobre vereador. Suas falas eram revestidas de zelo com o erário público, de ardoroso amor pela sua gente e sua cidade. Crítico ferrenho de uma política bolorenta que tem raízes na tradição oligárquica.
Era a figura encarnada de um estilo político que lembra os escritos de um filosofo que admiro bastante, Arhur Schopenhauer, autor do pensamento, a política será uma arte maior, quando os homens viverem PARA a política e não DA política. E o vereador Eronildes foi um político deste calibre. Financeiramente, familiarmente e, por que não dizer, espiritualmente bem resolvido e bem sucedido. Logo, seu ingresso na vida política se deu por um propósito, ser instrumento da mudança política e social na nossa apática e cobiçada cidade.
Crítico dos políticos locais, que discursam num tom e exercem seu cotidiano com coloração distinta. Cobrou zelo nas contas públicas, transparência no uso do bem comum e pensou soluções para os problemas da ordem do dia das pessoas e da cidade para a qual fora eleito parlamentar.
Não vou ser repetitivo, tão pouco vou me alongar, apenas quero registrar duas passagens, as quais presenciei, ocorridas no parlamento de Cedro, que demonstra a atitude e postura do homem em questão. Um deles foi na abertura dos trabalhos legislativos do segundo semestre do ano passando, quando o excelentíssimo senhor prefeito se fez presente à sessão e fora sabatinado pelo vereador Xéu. Diante dos duros questionamentos feito pelo vereador, a claque levada pelo prefeito para aplaudi-lo, de modo cronometral, começou a ladrar à Lua, emitindo vozes injuriosas no sentido de desestabilizar e desacreditar o discurso do vereador. Porém, esse seguiu solitário apontando ausências na gestão e promessas de campanha não cumpridas.
O outro momento foi numa sessão ocorrida no Povoado Poço dos Bois, onde o mesmo cobrava esclarecimentos da Secretaria de Educação e Finanças do município que se faziam presentes. Em seguida, alertou uma colega vereadora, quanto ao fato de ter um ente familiar ocupando um cargo no primeiro escalão do executivo municipal e possuir um bem imóvel alugado à prefeitura, pois poderia sofrer sanções por conta da situação, além de não ser moralmente bem visto. Diante da situação posta, um dos presentes, Arquimedes, conhecido na comunidade como Memeco, bradou: - Você quer ser prefeito Xéu, peça para Claudionor sair! Ânimos se exaltaram, mas foi somente isso.
Além desta disposição para atuar no mandato, o personagem em questão ainda subiu ao ring para lutar contra um adversário cruel, um câncer. Venceu vários round's, mas no último e decisivo fora nocauteado. A derrota não o torna um adversário frágil ou inferior. Basta lembrarmos de uma famosa batalha ocorrida no desfiladeiro das Termópilas na Grécia, onde 300 espartanos liderados por seu rei, Leônidas, lutaram até a morte contra o exército persa infinitamente superior, numericamente, liderado pelo rei Xérxes. Antes de tombar em batalha, Leônidas enviou um mensageiro ao seu povo para contar-lhes dos últimos ocorridos e da iminência da sua morte. E, na ocasião, fez um último pedido ao seu povo, a saber, "lembrem-se de nós". Se os familiares do falecido Xéu me permitem, faria um último pedido em seu nome: - antes de lembrarem do homem e seu nome, lembrem-se dos meus atos. Eis, aqui, onde reside a grandeza hercúlea de um homem.
Por fim, parafraseando uma passagem de um dos livros de Salomão, há tempo para tudo embaixo dos céus, tempo para plantar e tempo para colher, tempo para nascer e tempo para morrer. Seguindo essa máxima, o tempo de Eronildes chegou. Descanse em paz.
[Homenagem muy humilde de um jovem sonhador, José Ailton Santos]

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