Pensei que
desejava ser rico,
mas, não era
desejo d’alma.
Sonhava em comer,
beber...
Tudo em
abundância.
Todavia, uma
paixão me basta.
Os sonhos de
outrora,
não os quero
mais.
Afinal, para que
servem os sonhos,
senão para
afastar os homens de si mesmo.
Uma rapariga
linda e formosa!
Era o que mais
desejava.
Mereço todos os castigos
dos crimes que não cometi
Crime e Castigo
faces [de uma mesma moeda]
Crime e Castigo
faces [de uma mesma moeda]
Saudaçoes de um
amigo
que teima em não se tornar bolorento,
Ailton.
Contudo, queres a
verdade,
nem todas as
mulheres,
[eram-me
suficientes]
Volição: sexo,
poder... liberdade!
Flores que caem,
já é outono.
Desejo, agora,
uma xícara de chá,
amargo de
preferência,
quem sabes
assim,
afasto de uma vez
esses demônios.
Recordações da casa dos mortos
Respiro
longamente, silencioso...
Os amores? Nunca
os tive de verdade.
Apenas,
convenções, conveniências.
E, uma vida
contingenciosa.
O frio siberiano corrói a mente
petrifica a alma
e amoxicilina as paixões
Ah! Quanto à
vida,
não mais
existe.
E se queres me
encontrar,
procure-me,
talvez, nas ruínas de uma grande dor.
[José Ailton Santos]


Fiquei pensativo, tentando compreender ou até quem sabe encontrar o que levou Nietzsche a se sentir tão seduzido, identificado com os escritos de Dostoievski a ponto de denominá-lo como um dos poucos pensadores livres. Seria a presença constante da duvida em seus escritos? Ou seria a aceitação do real em detrimento a este imposto mundo ideal? Estaria Dostoievski convicto de que as coisas deste mundo bastariam? melhor os carinhos de uma bela rapariga e o saborear de um refinado vinho a viver iludido, acreditando nas falsas ilusões depositadas no além. Quem diria que estamos presos a este mundo, depositar esperanças no transcendente seria fugir desta vida em que nada existe que não tenha que passar por ela. Teria Dostoievski descoberto que vive melhor o homem que deixa seu corpo se pronunciar? Melhor seria ceder aos instintos, ou melhor, as pulsões do corpo, algo real em detrimento de uma matéria caótica, que na verdade nos escapa totalmente, encontrando sustentação apenas neste dito, mundo ideal. Estaria Nietzsche seduzido pelos escritos que em muito se assemelham a sua forma de ver este mundo, que em tudo é marcado pelo poder dos supersticiosos que a todo instante busca de varias formas castrar a liberdade dos libertos? Ou será que existe uma má interpretação por parte do filosofo quanto à escrita do poeta, “É preciso amar não só por um instante, casualmente, mas sempre até o fim”. Creio que se assim o fosse o poeta não teria enunciado a morte de Deus para em seguida Nietzsche a confirmar, afirmando que: "Deus morreu". Gostaria de encerrar minha participação indagando ao autor da poesia, qual sua semelhança com ambos os pensadores? Visto suas poesias estar sempre exalando este ar de independência do corpo, das coisas do mundo, do palpável, inteligível em detrimento do transcendente. Parabéns pela profundidade do texto. Acredita existir espaço para minha analise?
ResponderExcluirDostoiévski é meu escritor preferido. "Crime e Castigo" e "Recordações da Casa dos Mortos" são dois clássicos da literatura universal. Se ainda não o fez, sugiro que leia: "Os Irmãos Karamazov", "O Eterno Marido", "O Jogador" e "Noites Brancas". Parabéns pela poesia.
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