sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A PRAIA

O mar vinha às quedas,
feito bêbedo,
os coqueiros geométricos
dançavam feito criança, 
o vento moleque cantava
e brincava com a areia.

As mesas e cadeiras vazias,

os guarda-sóis fechados,
os garçons ao longe
nos olhavam atentos
à espera de um sinal.

Estávamos a sós

e a distância que nos separava
era menor que a nossa timidez.

Olhava-a por trás dos óculos,

dividido entre ambas belezas,
a do lugar e a dela.

O Sol,

apreensivo e cheio de anseio,
após tantas horas
cansou-se da apatia
e resolveu se recolher.
Ela, então,
tomou a iniciativa
e foi embora.

[José Ailton Santos]


Um comentário:

  1. Esse sol estava bem na dele kkkkkkk. Gostei do estilo com que valoriza a natureza e a expõe numa representação simplista, mas realista, de uma paquera sem futuro. Aproveito para falar desse mal que se chama timidez. Muitas pessoas acreditam que são timidas, mas ninguém nasce com timidez. Pessoas perdem muitas oportunidades de emprego por causa dessa crença que se tornou destrutiva na vida daqueles que acreditam nela. A origem da timidez está em outra crença, acreditar que somos pessoas inferiores ou superiores. Quando essa crença perder seu lugar para a crença de que somos diferentes e isso é normal, não temeremos o outro, aprenderemos sim, a desapegar do efêmero e a valorizar o presente, mesmo que este não seja o brilho que nossos olhos ansiou.

    ResponderExcluir