Para meu amigo, João de Burica
Estavamos em alto Mar
e quando dei por mim
tudo se modificou
a luz cedeu lugar
a escuridão
invés de brisa
tempestade, raios e trovões.
O Mar em convulsão
os homens temerosos
mas...
julgava-me um exímio
homem do Mar
E quanto mais buscávamos
controlar o barco
mais percebia que
minhas habilidades marítimas
se mostravam insuficientes
Naquele instante
abandonei as soluções racionais
dobrei meus joelhos
fechei meus olhos
pus-me alhures
Dentro de mim
apontei o lugar
onde o Machado caíra
sumindo aos olhos
submerso
E foi justamente ali
onde a vara fora arremessada
no lugar indicado
Então, o Machado emergiu.
Abri meus olhos e pude vê
brilhava um Sol de Outono
a brisa calma e suave
soprava nas velas
como se fizesse carinho.
Enquanto meus homens
dormiam sossegados
o barco e eu
seguíamos em paz.
[José Ailton Santos]

É meu caro. Este drama se desenvolve em torno da nossa tentativa em dar sentido aos nossos devaneios, nos afastando do que nos é mais verdadeiro e importante.... Será que em toda duvida existe um elemento distanciador da verdade ou estará correto aquele que insiste no "livre-arbítrio como querer autêntico"?. Estou certo que a ausência da certeza da verdade....conduz-nos a um caminho árido, incapaz de nos trazer a condição de conhecedor do nosso interior. "Certa vez o rabino viu um homem no dia do perdão que se flagelava batendo no peito, pedindo perdão. O rabino perguntava: “Por que você bate tanto”. Não tem ninguém em casa!" Acho que aqui reside nosso conflito. Será que é preciso elevar a razão a condição de mediadora dos conflitos ou aceitar a vara como indicadora do mesmo? Melhor seria não se deixar levar pelo sentimento de culpa.
ResponderExcluirCamarada, creio que você é um idólatra, um adorador da dúvida. Têm se apresentado um insigne provocador, contudo suas provocações não são direcionadas para ninguém diferente de você mesmo. Teimo em acreditar que você se apresenta mais "doente" do que eu. Talvez, não encontre a cura do seu mal, porém, certamente, o estar doente contribuirá para que a cura extrapole o casulo e bata assas. Penso que suas provocações se revestem do tecido carnal que constitui suas "verdades", uma pergunta que anuncia a verdade presente no ser. É preciso nos questionar se a verdade somente surgirá a partir das nossas dúvidas, ou se ocorre o contrário, a dúvida em conformidade com o real somente surgirá, quando aceitarmos as verdades que se nos apresenta... o sentimento de culpa é algo inerente ao pensar, raciocinar, analisar humano, não há como se desvencilhar, ainda que não se sinta culpado, o próprio movimento no sentido da não-culpa, torna a culpa presente.
ExcluirBoa tarde camarada. É sempre bom e instigante poder divergir um pouco do seu diagnóstico. Quanto ao idólatra, melhor substituir por apreciador. Nobre camarada acredito que o melhor Tetrapharmackon para um convalescente, seja a compreensão deste mundo, o que sei não constituir tarefa fácil, mas, acredite. A busca por verdades surge quase como uma obrigação para aqueles homens de pensamento livre, algo possível apenas aos que enaltecem a duvida a condição de premissa maior, ou seria, afirmativa universal. É preciso romper com os grilhões que nos mantem presos, às vezes, estes nos impedem de insistirmos na busca por liberdade, nos deixando carentes quando comparados com os que insistem na caminhada, observe que: estes, gozam do prazer em apreciar riquezas que só estão ao alcance dos que apreciam de perto os valores e as belezas da caminhada, algo que, não esta disponível ao Atalaia, mas aos livres. Imaginar o mundo por um prisma panorâmico seria não valorizar as particularidades deste mundo que é plural. Camarada este livre, jamais deve dar vazão à culpa, caso contrário, seria assumir o dolo, algo que exige alguns pressupostos que legitimam a ação delituosa, premeditada, condição análoga ao transgressor; alguém capaz de viver sua própria vida, assumindo seus atos como verdade. Autentico quanto a sua verdade, ou seja, convicto.
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