domingo, 11 de novembro de 2012

QUAL O TAMANHO DA SUA FÉ?



Há quanto tempo a Igreja [entenda-a, a princípio, como uma instituição] vem ensinando verdades, contidas ou não na Bíblia, e pregando a cerca de um Cristo que é o próprio Deus, além de demasiadamente humano e pobre, eixo central de uma religião popular onde se fundira, harmoniosamente, o natural e o sobrenatural, o medo da morte e o impulso em direção à vida, a tolerância às injustiças e a revolta contra a opressão. E, por fim, Deus e o Diabo [por que não grafá-lo em letras maiúscula também?]. Peço paciência ao leitor e que guarde, ao menos até terminar de ler estas poucas palavras, toda sua raiva e repulsa contra esse escrevinhador e seus argumentos aparentemente heréticos .



Convido-os a embarcarem nesse universo imaginativo e especulativo, assim como o fez no passado, Virgínia Woolf, quando retratou a irmã de Shakespeare, em seu livro intitulado Um quarto só para si. Mas, vejamos, se Cristo [usando o modelo da escritora citada] tivesse sido um rabino, por conseguinte, pertencente a uma elite pensante, sem deixar de ser carpinteiro, pescador, camponês, lavrador [era comum na época de Cristo os homens terem uma dessas profissões, ou mais de uma] ou quem sabe fosse um cobrador de impostos, ou ainda, um membro da aristocracia. Pergunto: qual seria os efeitos dessa condição para a importância de suas ideias e ensinamentos? Ou ainda, comportaria-se Cristo de maneira diferente? E, se assim fosse, seria desmerecedor de ser seguido e seus conceitos ensinados? Se a resposta a todas estas questões for de efeito negativo, me parecerá assemelhado a uma falsa modéstia tais respostas, semelhante a tentativa de quem pretende se elevar a proporção que se humilha, fazendo uso de uma imagem de humildade ou pobreza para gozar de uma outra imagem de prestígio, como revela Ludwig Feuerbach em sua obra A essência do Cristianismo.



Insisto, e se Cristo fosse um comerciante? Como se traduzir a ideia e simbologia da pobreza, na lógica cristã, para as classes populares? Aqui, caros leitores, se estabelece uma encruzilhada entre as ideias ensinadas por Cristo e as ideias imposta aos fieis como sendo de Cristo. Peço, mais uma vez, que não se zanguem com este escrevinhador e escutem as explicações. Há nessa diferenciação anterior, um pequeno problema. Afinal, a Bíblia foi escrita por homens sob inspiração divina e digamos que essa seja uma verdade inexorável. Pergunto: temos acesso aos originais escritos por estes homens-santos, ou santos-homens? E, se os tivéssemos diante de nós entenderíamos os escritos bíblicos ou aceitaríamos de bom alvitre caso possuíssem verdades, muy distinto, divergente da versão que conhecemos? Vale lembrar, que o conceito de Deus para os cristãos remete a um Deus pessoal, contrariamente a outros sistemas de pensamento. Cito como exemplo, o conceito estabelecido pelos estoicos,  pois para estes a ideia de Deus seria concebida como a ordem do mundo, onde o menor ou mais ínfimo ser vivo é tão importante quanto qualquer outro para a ordem bela e justa do cosmo, ou seja, Deus.

Retomando o raciocínio. Diante da impossibilidade do acesso aos textos originais, temos que nos servir, sobretudo, das traduções que nos chegaram. Aqui, novamente, nos deparamos com outra dupla indagação. Primeiro, estes textos não são os originais, portanto, não podemos tirar nossas próprias conclusões diretamente da fonte primária. Segundo, as traduções é resultado das interpretações de homens pertencente a uma dada religião dominante – se não no mundo, em boa parte dele - salvo, se for possível entender essas últimas e recentes interpretações como sendo de homens santos. E, logicamente, no mesmo calibre dos que escreveram os livros que constituem a Bíblia.

As indagações ora levantadas não possuem o intento de diminuir  nem tão pouco extirpar a fé alheia, apenas convida alguns a passear pelos jardins floridos do Inferno e descobrir que o Diabo é figura central, quiçá essencial, para a legitimidade e manutenção do poder de Deus entre os homens. Inclusive, trato o Diabo como figura, porque se este é tido como espírito para as religiões, por conseguinte, não tem - ou não deveria ter - aspecto corpóreo como costumam dar a entender a esmagadora maioria dos religiosos. Daí compartilhar com as ideias de Carlos Roberto F. Nogueira em seu livro O Diabo no imaginário Cristão, onde afirma que os homens ao serem submergidos na cultura e mentalidade próprias de cada época, acabam por pintar esta figura [o Diabo] com as cores que lhes convém. Então, façamos uma mobilização de forças, físicas, intelectuais ou morais - ao menos nesse texto - e vejam-no como uma representação construída por meio de discursos, afetividade ou iconografia, que não passa de mero produto da História.

Inclusive, espero seguramente não seguir [por conta de tais questões] o mesmo destino de Domenico Scandella, o moleiro Menocchio, e de tantos outros homens e mulheres importantes para a maturidade da humanidade e que tiveram sua energia, potencial, sapiência e vidas, queimadas nas fogueiras armadas por homens-santos ou santo-homens, que “legitimamente” eram os herdeiros de Cristo. Este, inclusive, paradoxalmente, enquanto viveu não retirou nenhuma vida – ao menos não há registros – ao contrário, deu vida a quem havia perdido, exemplo maior, Lázaro.

Convido Michel Foucault a imiscuir suas ideias nesse capricho imaginativo ou, talvez, para ser mais justo, aquilo que conseguir sorver do pensamento deste. Foucault ao tratar dos procedimentos de exclusão, menciona entre esses a interdição, a partir do qual entendi que não possuímos o direito de dizer tudo – se é que, de fato, sabemos algo - assim como não se pode falar tudo em qualquer circunstância e que os indivíduos, a maioria das vezes os populares, não podem falar de qualquer coisa; que o diga o moleiro, que deveria saber que as coisas da fé são grandiosas e complexas por demais para que um pobre moleiro possa compreendê-las. Resultado por ignorar tal aviso, teve seu corpo – será que a alma também? - queimado na fogueira. 

Seguindo este raciocínio, se eu bem soubesse não escreveria, tão pouco publicaria estas palavras, pois nesse instante, não reúno condições de avaliar as circunstâncias, os efeitos e utilidade prática dessas palavras. Pois bem, espero com isso, que me enquadrem na condição de louco. Aqui, já estou a tratar de outro procedimento apontado por Foucault, o da separação, exclusão, qual seja, a oposição entre razão e loucura e o cruzamento de duas linguagens de exclusão, a judiciária e a psiquiátrica, que alternadamente, inclinam-se entre si para negar uma à outra. Imaginemos os efeitos de um laudo psiquiátrico na condenação de alguém ou de uma sentença emitida por um juiz.

O discurso do louco, assim como este que o leitor a contragosto está a ler, não poderia, ou não pode circular e, ainda que o faça, deveria ser na condição de nulo ou, se melhor o agrada, não condição de não-verdadeiro. Sendo mais objetivo, o discurso do louco não é socialmente aceito, ou no mínimo, não é merecedor de testemunhar em juízo, assim como lhe é proibido celebrar no sacrifício cotidiano da missa, a transubstanciação [palavra adotada pela Igreja Católica e com origem na filosofia escolástica, que explica a presença real de Jesus Cristo no sacramento da Eucaristia], que converte o pão em corpo. Todavia, esse louco para Foucault, assim como minhas palavras nesse momento, goza de um estranho poder, qual seja, o de pronunciar verdades poderosas ou coisas que as instituições possuidoras do discurso verdadeiro e sapiência acadêmica, coberta de títulos e hierarquizada, não podem perceber.

Informo ao leitor que este texto aproxima-se do seu fim, menos pelo fato de não ter mais o que dizer do que pelo receio de como será recebido. Afinal, como afirma Nilton Bonder em uma belíssima obra, a mim serviu de inspiração, intitulada A alma imoral; essas reflexões trazidas por mim e que ora se apresentam como fraturas expostas, que a primeira vista pode causar náuseas em neófitos nessas indagações, são fruto da minha alma imoral e transgressora, que se debate com meu corpo [em uma tensão necessária ao equilíbrio de ambos] tido como instrumento do pecado e que clama pela piedade de Cristo. E, é esse mesmo corpo senhores, assim como muitos dos de vocês, que não passam de meros mantenedores do status quo, ou melhor, da moral vigente. Moral esta que da mesma forma que em tempos bíblicos precisou, e precisa sempre, ser quebrada para gerar uma nova moral. Nesse ponto, cabe citar as religiões, que como arautos se anunciam herdeiras de Cristo e guardiãs das almas, quando na verdade, não passam de guardiãs de corpos e, conseqüentemente, de morais.

Assumo a ousadia – não meu corpo, mas minha alma - de me colocar no lugar de Adão, comedor de maça, imoral, descumpridor da Lei e pecador primevo. Aqui, cabe uma melhor explanação dessa passagem, pois quem transgrediu não foi o corpo de Adão, pois este guardou a máxima “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (GN: 1,28), quem traiu ou transgrediu foi a alma, pois esta não respeitou a ordem Divina a cerca do fruto da árvore que está no meio do jardim “Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” (GN: 3,3) o que está no cerne da questão não é a morte ou o pecado, mas a própria vida e seu eterno caminhar, a consciência, “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueiras, e fizeram para si aventais” (GN: 3,7). Afinal de contas, só existe nudez para aquele que se percebe nu, ou será que estou enganado? A nudez não existe na natureza, pois trata-se de um conceito válido apenas para as convenções sociais.

O segundo exemplo é o de Abraão, que recusa no seu íntimo, isto é, sua alma rejeita a ideia, contudo o seu corpo conduz seu primogênito ao altar para sacrifício. O não sacrifício defendido pela alma é uma traição a cultura da época e ao mandamento divino, que ordena a Abraão que este sacrifique o seu primogênito. Abraão representa o transgressor social, sua traição foi para com a sociedade. Enquanto Adão traiu a Deus, Abrão trai a sociedade e relegou ao seu filho uma terra nova, a Canaã. Essa terra prometida precisa ser melhor debatida, afinal, trata-se de espaço territorial, ou não? Ou será uma sociedade nova, com código moral renovado? Acredito, pois isso me consola, se tratar de uma nova moral, “o não sacrifício”, no sentido estritamente figurado, representa o pai que concede ao filho a possibilidade de ser diferente e não o obriga a seguir a tradição - exemplificando grosseiramente - onde filho de médico tem obrigatoriamente que ser médico. A beleza de Abraão, ou da transgressão de sua alma, é que ela concede outras possibilidades, que será vista como imoral em relação à moral suplantada.

Por último, temos o exemplo de outro imoral bíblico, Jaco, a transgressão deste é para com a família, pois ele rouba a primogenitura do irmão valendo-se da cegueira do pai. Poderia citar outros exemplos de transgressão ou imoralidade descrita na Bíblia, até chegar ao símbolo maior dos cristãos e do Cristianismo, o próprio Jesus Cristo. Mas, seria arriscar-me por demais - se ainda estivesse a falar para judeus - deixo, apenas, uma sugestão aos leitores, busquem ler a genealogia do filho de Deus, porém não se atenham, tão somente a sucessão de pais e filhos, mas a relação entre esses. Ao fazerem isso, espero que não se assustem ao perceber essa geração como imoral, pois o Cristo é fruto de ascendências que mantiveram relações imorais, como o incesto. Calma leitor, não é minha pretensão assustar-lhe, entenda essas relações fora do universo divino, ou da fé, pois se assim não agir será impossível raciocinar dentro da linha que tenho arduamente tentado traçar, a dos discursos. E, ainda por cima, colocaria este texto na condição de blasfêmia.

Quando as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por ordem divina, a família de Ló fora salva. Após o ocorrido as filhas de Ló pensaram que só havia no mundo eles, então, essas embriagaram o pai e geraram filhos com este. A primeira vista é um atitude imoral, mas para a alma a lei máxima é a vida. Jamais seria permitido pela moral da época - e coincidente, ou acidentalmente pela nossa também - tal atitude. Acredito que já forneci subsídio suficiente para instigar-lhes a leitura da genealogia bíblica até a geração última do Messias.

Retomando Foucault, quando fala sobre a ritualização dos discursos como um jogo, onde a disputa recai sobre os signos, pergunto-lhe: onde se encontra você leitor nesse jogo? Onde se encontra, ou melhor, de que lado se posicionam os gays, as lésbicas, os sem-terra, os marginalizados de toda ordem? De que lado do jogo Cristo estaria? E por que os herdeiros de Cristo, essa é minha visão, estão no lado contrário ao que, certamente, Cristo estaria?

Para não tornar essa discussão cansativa e ainda mais complexa, de modo que, assim como um aprendiz de feiticeiro, me ponha a liberar forças, as quais eu não possa controlar, tentarei ser o mais objetivo e direto possível. Enfim, certo é que vivemos há muito em “sociedades de discursos” e nesse modelo de sociedade, os discursos tem papel central. Afinal, essa mesma sociedade é responsável por produzir, conservar e fazer circular discursos, distribuindo-os e fixando papeis aos sujeitos que falam, conforme regras estritas, sem que os detentores dos discursos percam a posse dos mesmos em conseqüência da distribuição. Perceberam o trocadilho, ou suas mentes já estão aos nós com toda essa falação?

Uma das virtudes do pensamento foucaultiano é que ele nos instiga a buscar, não apenas o começo dos discursos [sejam religiosos, jurídicos, médicos, terapêuticos, políticos, etc] e dos modelos arraigados socialmente, mas fazer as seguintes indagações: porque esses discursos surgiram? E para atender a que interesses? A quem se destinam?

Pergunto aos sobreviventes, que pacientemente acompanharam esse texto até esse momento: qual o papel do sistema de educação na elaboração, manutenção e destinação dos discursos? Não deixem de incluir o discurso religioso, claro, pois este tem papel fundamental na construção da fé dos fiéis ou vocês pensavam que a fé surge do nada? Talvez, eu esteja enganado, alguém pode acordar e se dar conta que tem fé. Distrações a parte, voltemos ao sistema de educação, seria estes uma maneira política de manter ou mesmo modificar a apropriação dos discursos ditos oficiais, ou verdadeiros e, lógicamente, acompanhado dos poderes e saberes que estes trazem conseqüentemente consigo?

Uma coisa eu tenho como verdade [com essa frase acabo de me posicionar no jogo, se é que não o fiz desde o princípio], todo sistema de ensino, toda doutrinação é uma ritualização da palavra, bem como a fixação de papeis ao sujeito que fala. Caro leitor, não sou teólogo, não me pretendo filósofo, pois segundo Luc Ferry teria que possui outros atributos. Talvez seja poeta de ocasião, isto é, um loco, ou ainda quem sabe, seja um moleiro assim como Menocchio. Contudo, não me tirei por tolo, sei perfeitamente que o século XVI não é o século XXI e este escrevinhador não é contemporâneo de Domenico de Scandella. No entanto, sei ler, escrever e vez ou outra me atrevo a pensar, isso tudo, em um mundo onde poucos sabem. 

Meu convite caro leitor foi para que você tentasse olhar o mundo e as verdades com outros olhos. Retirem agora o véu que turva sua visão!  Saiam das cavernas de Platão! Queira entender o mundo não a partir da putrefação e dos vermes, mas a partir da deusa Moria [a loucura], pois, somente assim podereis dizer livremente [assim como faço nesse instante] suas verdades, gozando da prerrogativa de não ser verdadeiro o que dizes, nem profícuo suas palavras.

Certamente, não será o primeiro, nem o último. Assim como Mendel ao pronunciar suas descobertas fora ignorado pelos seus pares, apenas, por seu discurso não figurar nos moldes do “verdadeiro”. Afinal de contas, Mendel não seguiu as regras e conceitos dos discursos biológicos da época, enquanto outros tantos erros foram aceitos como verdades [qualquer semelhança com os discursos da ciência e da religião nos dias atuais é mera ironia do destino] por seguir as mesmas regras e conceitos ignorados por Mendel. Trago outro exemplo, não mais extraído da Bíblia, a saber, trata-se de um sergipano ignorado e esquecido, Manuel Bonfim - outros tratam por Manoel Bonfim. Quando em sua época o pensamento europeu colonizador, dominante na América, impedia os americanos de pensar o problema da América Latina, este pensador apaixonado por sua terra consegue revelar um olhar capaz de traduzir a realidade dos povos desse continente, apresentado seus males de origem. Contudo, sua voz era solitária, talvez, tratasse de mais um louco. Bomfim foi duramente rechaçado pela elite dominante no país, entre os críticos figurava outro sergipano ilustre, Silvio Romero, que publicou inúmeras cartas nos jornais condenando as ideias de Bonfim. As críticas representavam, naquele momento, a incapacidade de pensar fora das regras e conceitos do “discurso verdadeiro”.

Nesse instante, ao passo em que agradeço pela companhia dos leitores, lanço minha última reflexão. Caso Jesus Cristo vivesse entre nós, não imaginem o Homem que é Filho e Pai ao mesmo tempo, seria um homem seguidor da moral ou um imoral transgressor? Seríamos capazes de repetir [a pergunta é direcionada para cada um de nós, assim como para os representantes de religiões, poder institucionalizado] o que fizeram os judeus a Cristo, crucificando-O [essa é a verdade socialmente aceita]. A resposta positiva ou negativa a essas questões, depende, única e exclusivamente, do tamanho da sua fé.



NOTA: Este texto fora escrito em março de 2011 por ocasião de um diálogo com um amigo. E, que por hora, aproveito a ocasião para publicá-lo neste espaço.





5 comentários:

  1. Olá Ailton, gostei muito do texto, e aos pouquinhos vou acompanhando seu blog, também indicarei os meus para que você faça o mesmo, pois me será de grande satisfação vê o que vc pensa a respeito dos meus levantes' MAS por hora quero fazer algumas observações diante deste "[...] o que estar no cerne da questão (SERIA "ESTÁ" OU "ESTAR"? SE POSSÍVEL VERIFIQUE ISSO, N SOU DA ÁREA DE LÍNGUA PORTUGUESA, MAS SE O VOCÁBULO NÃO ESTIVER EMPREGADO CORRETAMENTE, CONFUNDE A COMPREENSÃO)[...] pois se assim não agir será impossível raciocinar dentro da linha que tenho arduamente tentado traçar, a dos discursos (AQUI NESSE PRIMEIRO MOMENTO NÃO SERIA "A LINHA DO DISCURSO" NO SINGULAR?) [...] Afinal, essa mesma sociedade é responsável por produzir, conservar e fazer circular discursos, distribuindo-os e fixando papeis aos sujeitos que falam, conforme regras estritas sem que os detentores dos discursos percam a posse dos mesmos em conseqüência da distribuição, perceberam o trocadilho, ou suas mentes já estão aos nós com toda essa falação? (ATÉ ENTENDI A FRASE, MAS SIM, NÃO PERCEBO O TROCCADILHO, VC FALA DEMAIS! .rss..) [...] Talvez, eu esteja enganado, alguém pode acordar e se dar conta que tem fé (EU PARTICULARMENTE ACREDITO QUE TANTO POSSO DESENVOLVER A FÉ SOZINHA E DE MANEIRA SUBJETIVA, QUANTO TAMBÉM POSSO APRENDER A TER UMA FÉ DE ACORDO COM OS EXEMPLOS QUE ESCOLHO SEGUIR!) [...] No entanto, sei ler, escrever e vez ou outra me atrevo a pensar, isso tudo, em um mundo onde poucos sabem (ESTAMOS JUNTOS NESSA >> TB SEI LER, ESCREVER E VEZ POR OUTRA ME ATREVO A PENSAR E SÓ POR ISSO ACRESCENTO QUE O MAIS INTERESSANTE AO MEU RACIOCÍNIO, NESSA BREVE DISCUSSÃO É QUE AO CONTRÁRIO DO QUE MUITOS RELIGIOSOS PENSAM, QUESTIONAR OS FATOS NÃO NOS LEVA NECESSARIAMENTE A NEGAR A DEUS, MAS SIM A BUSCAR CONHECÊ-LO, POIS ESTA É UMA DAS NOSSAS MANEIRAS DE APREENDER, SABER E CONCEBER TODAS AS COISAS QUANTO NOS FOREM POSSÍVEIS, ALÉM DE EXPERIENCIANDO-AS, PORTANTO, PENSO EU COMO UMA CRISTÃ INCOMUM QUE SEI QUE SOU: UM DEUS, DEUS NÃO PESSOAL, MAS, SIM FIGURATIVO, DEVE AGRADAR-SE COM O NOSSO INTENTO DE MELHOR CONHECÊ-LO.). Sendo assim, sinto-me extremamente privilegiada de ser a descendência imoral e corrupta de Cristo, mas lavada e remida pelo seu sangue' (como acredito que assim fui!) Sei que essa fé parece não ter acordo para com a ciência do pensar, e talvez pareça até mais louco que o próprio pensar, mas parafraseando, é bíblico também que: É possível que toda fé ou todo ato de fé represente loucura para os homens comuns, sabedoria aos que creem (homens que possuem fé) 1Co 2:14b' ... Embora PROLIXO e cheio de informações não esclarecidas para leigos (como por exemplo as fontes de fundamentação teórica), reforço que gostei muito do seu trabalho intelectual, quero muito continuar acompanhando as demais postagens com a qualidade de um certo FEEDBACK... Grande abraço meu querido colega e amigo!

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    1. Saudações, minha querida amiga, Enaura!

      Sinto-me muito lisonjeado em tê-la como amiga neste blog e, agora, ainda mais contente pela sua participação do debate informal - quase intervalo de aula - que é a marca registrada deste blog. Diante das suas considerações, farei outras para estimular o tal do "Filho de Back" que propôs.

      Inicialmente, agradeço pela observação sobre a forma adequada do verbo, tratava-se de um erro na digitação e correção apressada [vez ou outra a vista só vê o que o cérebro enxerga... rsrsrs]. Enfim, já "está" corrigido. Sobre a segunda observação feita por você, informo que a palavra Discurso "está" correta, ou seja, escreve-se, ao menos neste texto, no plural mesmo. Pois, segundo a obra de Foucault "A ordem do Discurso" há nas diferentes sociedades vários discurs(os) institucionalizados, cito como exemplo, o discurso médico, o discurso psiquiátrico, o discurso jurídico, o discurso da ciência, et cetera. Todos esses discursos exercem grande poder e influência na sociedade de modo geral e na vida das pessoas, daí o autor chamar a atenção do leitor para a maneira como esses discursos são construídos, distribuídos, manipulados, imposto aos cidadãos, mantidos, suprimidos quando necessário e retomados. Toda classe no poder institucionaliza seus discursos em detrimento dos das classes subalternas. Quanto ao trocadilho, falo sobre o fato dos detentores dos discursos produzirem os mesmos e distribui-los aos demais - subordinados - sem que esta distribuição represente uma perda da propriedade [grosso modo] dos discursos. O trocadilho na verdade reside na expressão ambígua, qual seja, costumeiramente quando distribuímos algo este deixa de nos pertencer, mas com os discursos não ocorre o mesmo fenômeno, ao contrário, quanto mais circula mais se consolida o seu possuidor. Agora, sobre falar demais, sua sorte é que este texto se estabelece de forma escrita, pois se fosse da forma oral, aí o bicho pegaria.. rsrsrssr. Podia sentar sem pressa, pois saliva tenho em demasia... rsrsrs, penso que conhece bem o mal que me acomete. No tocante a sua abordagem sobre a fé concordo com sua opinião, todavia não foi isso que quis dizer no texto. Na verdade, estou a fixar uma indagação ao leitor sobre o papel do sistema de educação na elaboração, manutenção e distribuição ou circulação dos discursos na sociedade. E, aproveito a provocação sobre educação para provocar o leitor a cerca de como o processo de aquisição de um sentimento de fé também pode ser adquirido a partir de discursos, especificamente, o religioso, pois toda discussão sobre fé se estabelece a partir do discurso religioso. Nunca vi ninguém falando de fé a partir de discursos políticos, jurídicos... Vejamos, quando vc diz que pode desenvolver a fé a partir de uma experiência individual abstrata ou mediante exemplos escolhidos, perceba que se estabelce em ambas situações a construção de discursos que representam este sentimento, ainda que não consiga manifestar em palavras este sentimento de fé representa um discurso interior.

      Por fim, escalreço sua afirmativa sobre ser prolixo e cheio de informações não esclarecidas para leigos. A prolixidez advém da incipiência na escrita, contudo espero que este blog sirva de laboratório, reconheço que nem todos nascem prontos, e se puder gozar da sua companhia por mais tempo, estou certo, serei curado dessa moléstia brevemente. Quanto as fontes, cito os autores e o título das obras, creio serem informações necessárias para conduzir qualquer curioso até a obra, pois este espaço não possui um caráter acadêmico, tão pouco este seja meu intento, ao contrário, a ideia é torná-lo cada vez mais informal, porém sem perder a qualidade desejada. Entendo perfeitamente sua observação e preocupação, espero que me compreenda também.

      Minha querida amiga Enaura, a saúdo mais uma vez desejando-lhe sucesso e equilíbrio. Forte abraço, xeru e inté.

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  2. Aí estão os meus ends. as discussões são mais suaves mas n menos merecedoras da att do amigo! ...hihihi': http://enauravespasiano.blogspot.com.br/
    e tb
    http://enauravespasiano.wordpress.com/

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    1. Olá Enaura,

      Vi seus blogs e gostei e independente do conteúdo ser suave ou não, jamais os traria como menos importantes.

      Bjim na testa, xeru e inté.

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  3. Esta postagem foi realizada por um amigo [Rafael Iigd] no facebook e eu a reproduzo, aqui, por entender pertinente, àqueles que por ventura venham a ler o texto e os comentários. Segue comentário:

    Se Cristo fosse comerciante , com alto poder de comunicação que ele tinha com a população através da fé muitas pessoas iriam se progredir com o ensinamento e iriam se inspirar nele , como ser bem sucedido, Na lógica cristã , se a gente não plantar não iremos colher , a palavra de DEUS fala também que , todo aquele que pede recebe o que busca encontra , Eu acredito que um dia a pobreza vai diminuir com um governo sincero ou presidente(a) que realmente veja a realidade do pais , sem desperdício de verbas aonde não é bem aproveitado , e veja as prioridade nos quais a pobreza está em primeiro lugar , depois a Educação e o Desemprego , se eu falei alguma besteira , me desculpe , gostei da sua pergunta FICA COM DEUS IRMÃO

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