sexta-feira, 2 de novembro de 2012

PASMEM! O 13 VENCEU, MAS DÉDA [PT] NÃO GANHOU.




Vivemos sem dúvida tempos muito confusos. Afinal, engolimos um boi e não nos entalamos, enquanto que, ao engolirmos um mosquito o engasgo é certo. Da mesma forma, a exceção há muito é tratada como regra e, quando esta ocorre, tratamo-la como acidental. Vou simplificar para que os menos acostumados com enigmas e devaneios compreendam o caso em questão. Todo esse arrodeio é para tratar da eleição recente ocorrida na Assembleia Legislativa de Sergipe para escolha do candidato a vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, ocorrida na última terça-feira (30).

Há muito que esse tipo de eleição não passava [se é que em algum momento deixou de ser como sempre foi] de uma mera ratificação da escolha prévia de um nome, um consenso que elege o mais belo entre os deuses do Panteão. Traduzindo a metáfora da beleza apolínea, essa seria o apoio do Governo do estado, ao menos, essa sempre foi a regra da casa para a escolha dos conselheiros em Sergipe. Isso, desde a gênese do tribunal. E para citar apenas alguns dos últimos eleitos: Clóvis Barbosa, Ulisses Andrade, Luís Augusto Ribeiro e, agora, Suzana Azevedo. Os três primeiros indicados por Déda e apoiados pela maioria dos 24 deputados da assembleia, enquanto a última, não passa de um caso atípico. Será?

  Segundo a boca miúda, as primeiras pinceladas da pintura – eleição para conselheiro do TCE – foram dadas às vésperas da composição da chapa que intentava a reeleição do governador do estado, em 2009. Quando Déda, ao mexer as pedras do xadrez numa movimentação arriscada, porém sem ignorar a prudência, tentou ganhar duas posições em solo inimigo com uma só jogada, a saber, cumprir a deliberação nacional do seu partido de aliança com o PMDB, substituindo seu então vice, Belivaldo Chagas, que também é seu conterrâneo, por Jackson Barreto e assegurar o apoio dos irmãos Amorim. A jogada perfeita, em um jogo de xadrez manhoso, garantiu a vitória nas urnas e a permanência no executivo estadual por mais quatro anos.

Todavia, conforme diz Sun Tzu, a guerra é uma questão de vital importância para o Estado. Por conseguinte, torna-se de suma importância estudá-la com muito cuidado em todos os seus detalhes. Talvez, o detalhe não percebido por Déda, e se percebido, não eliminado, foi a crescente força do grupo liderado pelos irmãos Amorim, que também tinham seus interesses, ainda que não claramente revelados.

Pois bem, a ruptura do grupo dos dois irmãos itabaianenses com o Governo do estado [aqui não me darei ao trabalho de comentar a quebra de compromissos, pois os jornais locais já discutiram em demasia] foi sem dúvida o estopim, a luz artificial, que alumiou os caminhos antagônicos entre o governo e sua base aliada. Fato é, que, enquanto o apoio vigorou, Marcelo Déda conseguiu dar o direcionamento que melhor lhe convinha a Assembleia Legislativa. Inclusive, dando um ar de indolência as atividades legislativas, pois, ainda que, a oposição apregoasse contra o ocorrido, seus esforços eram pífios à vista da força aparente do governo.

No entanto, no final do primeiro semestre de 2012, a pintura inicial começou a ganhar ar de desbotamento [governabilidade] e o pintor [Marcelo Déda] a demonstra fadiga em relação ao desenho pretendido. Enquanto isso, Belivaldo Chagas, a quem a tela havia sido prometida começou a demonstrar inquietação. Afinal de contas, Belivaldo havia “concordado” em ceder o lugar de vice na chapa majoritária nas eleições estaduais de 2009 para Jackson Barreto, então presidente estadual do PMDB, e como no mundo da política não há espaço para gentilezas gratuitas, recebeu em troca do gesto a Secretaria de Estado da Educação e a promessa de assumir a vaga da Conselheira do TCE, Isabel Nabuco, que se aposentaria compulsoriamente, em 2012.

O grande problema é que, diferente do que imaginava Déda, o gigante não tinha os pés de barro. O gigante chamado Edivan Amorim [empresário bem sucedido, líder maior de um conjunto de partidos e com crescente inserção no cenário nacional] se deu conta que também sabia cuspir fogo e de cara conseguiu desbancar o governo e seus sequazes, reelegendo a Dep. Angélica Guimarães para a presidência da ALESE [Assembleia Legislativa do Estado] e, em uma segunda batalha, elegeu, por um placar de 13 X 09, Susana Azevedo conselheira do Tribunal de Contas. Extirpando os sonhos de Belivaldo, então candidato do governo Déda, e fazendo com que este último cuide melhor do seu rei para não receber um xeque-mate.

Vendo escorregar pelos dedos a tão almejada promessa de se tornar conselheiro, Belivaldo Chagas, entediou-se com os afazeres da educação do estado, foi às compras e comprou para seu ateliê improvisado, um manual de pintura, pincel, tinta e uma tela de 13 X 09 para pintar um quadro surreal. E, após algumas tentativas malogradas, conseguiu pôr fim a sua tela em óleo, onde se vê um peixe com 13 nadadeiras engolindo uma estrela vermelha de 09 pontas. 
Ao que parece, o pintor não feliz com a pintura [derrota na eleição da ALESE] pleiteia arregaçar as mangas [ingressou com pedido na justiça para anular a votação] e fazer novas telas. Apenas, não sabemos se vai continuar fiel a escola Surrealista, tão pouco, se continuará infeliz com o resultado dos trabalhos, pelo jeito, vamos ter que esperar para ver.

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