Acredito que o plágio não é algo
recente, tão pouco me arriscaria apontar, quando exatamente essa prática humana
iniciou. Talvez, tenha surgido a partir do momento em que duas pessoas fizeram
opções distintas. A primeira se propôs a pensar a roda, enquanto a outra, ao
perceber que a invenção alheia proporcionava ao seu criador algum benefício,
resolveu imitá-lo. Partindo desse raciocínio e tomando-o como irrefragável,
podemos concluir que o mundo atual é o produto de séculos afins da prática do
plágio ou será que foi o advento da internet que causa o crescimento desse monstro artificial.
Digressões à parte, vou retomar a seriedade que poucas vezes mantenho por mais que duas linhas e estabelecer algumas reflexões sobre se a internet estimulou ou não o plágio. Não há que
se negar, que a facilidade com a qual temos acesso a todo e qualquer material, invento e conhecimento, na rede mundial de computadores, tenha contribuído
para um aumento considerado do assenhoreamento total ou parcial de invento e/ou
criação.
Entendo também que esta prática reflete
o encontro entre dois mundos diferentes. Até bem pouco tempo o mundo virtual
era privilégio de poucos – países e pessoas – e essa condição dificultava o
crescimento dos pseudoautores. Todavia, com a popularização, ou seja, o acesso
cada vez mais fácil pelas camadas populares da sociedade a internet, houve um
choque entre dois mundos, e o resultado é uma sociedade que não sabe como
extirpar ou mesmo atenuar a prática do plágio na rede, com isso não quero dizer que o plágio esteja associado ao crescente acesso por parte desse público mais carente financeiramente falando. Acrescente-se a isso, a
ausência de uma legislação especifica para punir os praticantes desse delito.
Uma coisa é certa, a internet é parte
inerente deste mundo constituído como produto da fusão entre o passado recente
e o presente. Por conseguinte, é preciso criar mecanismos que impeçam a
elevação de futuras ocorrências e estabelecer legislações que acompanhem o
caminhar das mudanças sociais, além de atribuir responsabilidades a todos os
envolvidos, sejam indivíduos, instituições ou seres despersonalizados, a
exemplo, de alguns sites.
Vale também ressaltar, que o aspecto universal da internet tem gerando
nos internautas, ou na maioria deles, um sentimento de que tudo que se encontra
na rede mundial de computadores é de uso livre e irrestrito. E, que, portanto, não
se pode atribuir caráter pessoal as criações ali disponíveis. Todavia, esse
ponto de vista esbarra no conhecido direito autoral, que protege o trabalho
intelectual, que vincula o nome do criador ou criadores ao trabalho por estes
desenvolvidos, inclusive, muitas vezes inédito.
É comum encontrarmos na rede uma
diversidade de produtos, mercadorias e serviços, além de pessoas interessadas
no uso e/ou aquisição dos mesmos. Daí, algumas pessoas fazerem uso da criação
alheia como se autor fosse para tirar proveito, financeiro em alguns casos,
dessa situação. O grande problema para combater tal prática é o crescente uso
da internet pelas pessoas em todo o mundo e a constante evolução da mesma, que
a todo instante disponibiliza ferramentas que facilitam a captura e modificação
do invento/criação do autor, em detrimento da ausência de uma legislação global
para inibir o plágio, conforme já citado, além das legislações nacionais, que em muitos casos, não
acompanham essa evolução.
Em alguns casos, minoria, as pessoas
acabam usando displicentemente, por exemplo, um texto de determinado autor sem
a devida reserva de apontar a autoria e o endereço de origem, ferindo dessa
forma, o direito de propriedade, o direito desse mesmo autor de impor
restrições ao bem que está sob sua posse. Pois, muitas das vezes, não entendem
que o mesmo valor atribuído a um bem material, ou seja, concreto, na nossa
convivência social é o mesmo atribuindo as produções disponíveis no ambiente
virtual.
Por conseguinte, os cidadãos e as nações
em todo o globo devem adotar uma postura mais vigorosa para combater essa
relativização no tocante a defesa do direito do autor. Criando, dessa maneira,
mecanismos e garantias que assegurem a propriedade dos autores de seus
inventos, ao passo que, se conscientizem as pessoas, desde tenra idade, que
usem a totalidade do conteúdo disponível na internet, desde que compreendam uma
equação simples, não se devem criar novas publicações a partir de modificações
que ferem o direito autoral, tão pouco descaracterizar ou fazer melhoramentos
conforme entender melhor.
Por fim, penso que o xis da questão não esta na
internet – se está facilitou o plágio – e sim, no comportamento dos indivíduos,
nos valores e princípios com os quais convivem e que aprenderam na vida em
sociedade. É preciso criar condições para despertar nas pessoas a consciência
dos danos causados com a violação da autoria. Pois, o sujeito que ver seu
invento, ideia ou obra atribuída a terceiro, sem que este seja de fato o autor,
além de prejuízos materiais, sente-se impotente, desestimulado, frustrado e,
possivelmente, inclinado a fazer o mesmo.
Nesta situação, entendo como essencial o papel cabível aos educadores - professores, pais, lideres comunitários, lideres religiosos, a comunidade... -, em todas as esferas de poder e
níveis escolares, pois os valores e princípios éticos ensinados no processo de
ensino/aprendizagem serão como bússolas a apontar o caminho do comportamento a ser
adotado pelos futuros profissionais, inventores, intelectuais, et cetera.
Deixo como olhar pessoal uma sugestão aos professores, grupo no qual me incluo, que ao lidarem com os
alunos, no tocante as indicações dos trabalhos a serem realizados, ao invés de
solicitarem textos elaborados pelos próprios alunos sobre determinados temas – situação que
poderia levá-los a buscarem textos prontos na internet - possam solicitar
deles, textos que retratem a opinião de diferentes autores sobre temas comuns e
que estes mesmos alunos registrem ao final, quais as fontes consultadas. E, em
se tratando de pesquisa feita na rede, o endereço eletrônico do site
consultado, data e horário da pesquisa. Acredito que adotando essa postura,
poderemos estar contribuindo para que a prática do plágio seja cada vez mais
rara no nosso cotidiano e seus efeitos minimizados.

O caminho é pelo "xis" apontado mesmo. E é só esperança[sem ela se vive?]. O certo é que sempre haverá aproveitadores de idéias alheias. A batalha é para que sejam poucos, e nela você é um dos generais, boa sorte!
ResponderExcluirEstando na condição de partícipe já será para mim motivo de satisfação. Valeu Hialino.
ResponderExcluirJosé Ailton você está de Parabéns pelo texto, mas o plágio infelizmente faz parte da vida da maioria dos estudantes, pois até mesmo na academia lembro-me que no período de apresentação do TCC pessoas reprovaram por plágio, isso é lamentável. A internet apenas facilitou com a facilidade dos conteúdos, mas o plágio não é recente isso prova que até mesmo dos livros as pessoas já praticavam o plágio.
ResponderExcluirCaro amigo Elison,
ExcluirAgradeço sua participação. Penso que, uma abordagem segura, seria entendermos que o plágio representa mais que uma ação ilícita, reflete comportamentos e princípios morais e éticos. Portanto, passíveis de serem modificados.
Forte abraço.