terça-feira, 9 de outubro de 2012

O MUNDO PÓS-MODERNO



A sociedade pós-moderna modificou significativamente a condição da vida humana e isso ocorreu exatamente durante todo século XX, sendo que de forma mais acentuada nas últimas décadas da transição para o século XXI. Afinal, deixamos de ser uma sociedade de produção e passamos a ser uma sociedade de consumo. Mas, você deve estar se perguntando e qual o impacto concreto dessa mudança na vida das pessoas comuns? A resposta vem em seguida, as sociedades foram individualizadas e as pessoas seguiram no mesmo caminho, por conseguinte, esse individualismo é decorrente da mudança do padrão de pensamento/comportamento em uma escala de grandes proporções.
No período correspondente ao surgimento dos estados nacionais [Estado-Nação] europeus, ou seja, final do século XVIII e início do XIX, construía-se naquele momento identidades coletivas de grandes proporções. Afinal, estavam sendo formadas as nações, ou países como conhecemos atualmente, estamos falando de pessoas que viviam em um dado território e que possuíam características singulares.
 Então, fora a partir das chamadas unificações [Italiana e Alemã para citar as mais conhecidas] que surgiu um aspecto coletivo que reunia características pelas quais esses povos passaram a ser definitivamente reconhecível, para ser mais claro, um sentimento de pertencimento, que hoje poderíamos chamar de Identidade Nacional. Naquela época, assim como hoje, a identidade de um povo estava associada a traços comuns e de reconhecimento geral, a saber, língua, religião, moeda, hinos, cultura, história, etnia. Tudo organizado e posto em prática dentro de um Estado soberano.
Todavia, durante o século XX as chamadas identidades nacionais foram sofrendo alterações, as pessoas já não tinham tão claro em suas mentes a qual comunidade faziam parte,  qual Estado ou Nação pertencem, com qual corrente politico-ideológica se identificam, eram indagações levantadas. E, daí a pergunta que muitos passaram a fazer, qual minha identidade? Mas, certamente, você deve estar se perguntando, por que tanta ênfase nesse aspecto se houve tantas mudanças ao longo dos dois últimos séculos. Novamente a resposta vem em seguida, a identidade das pessoas em todo mundo, possivelmente, tenha sido a mais afetada e de cara seja a mais grave das mudanças em todo o mundo.
Afinal, quando um povo perde sua identidade, perde seu maior patrimônio, pois o resultado é uma pasteurização cultural, onde tende a prevalecer a cultura dominante e o extermínio acelerado das manifestações de povos e grupos minoritários.
E este é, sem dívida, o cenário que se desenha atualmente, afinal de contas, o que se observa são as pessoas em diferentes países adotando uma postura cada vez mais individualista e pragmática da vida, situação que pode levar a resultados inesperados no tocante a manutenção das politicas públicas, onde essas ainda existem, e a conservação da própria democracia, ao menos, da forma como a conhecemos na época que corre.
Com base na mudança do modelo de sociedade, as nações e os cidadãos em todo o mundo envolveram-se em um processo acelerado de redefinição dos significados e propósitos das suas vidas. E, com isso, percebe-se nas pessoas, principalmente naquelas que vivem em regimes democráticos, uma necessidade de criar sua própria identidade [você não mais herda como no período do Estado-Nação] tem que começar do zero.
Esse movimento na direção do indivíduo e em oposição direta ao coletivo tem demonstrado que vivemos em tempos de transição. Agora, para onde vamos seguir, ou seja, em que tipo de sociedade viveremos nos próximos anos? Certamente, esta é uma pergunta que poucos, quiçá, ninguém tenha uma resposta concreta. Porém, duas certezas são possíveis anunciar, com pouca margem de erro, dentre as mudanças significativas ocorridas nos últimos cem anos e a incerteza de que não sabemos quais dessas mudanças vão durar e se durar por quanto tempo, bem como qual o futuro das atuais gerações.
 A primeira certeza que se pode afirmar é a de que o mundo está e vai continuar cada vez mais interdependente, melhor explicando, o que ocorrer em um extremo do mundo, na Malásia, por exemplo, afeta a vida do cidadão [quer saibam ou não do ocorrido, quer reservem importância ou não] do outro extremo do globo. E, quanto à segunda certeza, trata-se dos recursos naturais, é bem verdade que nos últimos 300 anos em que os humanos foram os gestores dos recursos do planeta, produzimos tecnologias voltadas apenas para a extração, exploração e consumo desses recursos, por conseguinte, a segunda certeza é a de que chegamos a um ponto em que podemos enxergar os limites de inúmeros recursos naturais.
Já, quanto ao destino da democracia, como não sou profeta evito anunciar profecias. No entanto, não me furtarei em fazer algumas rápidas observações. Os trintas primeiros anos após a segunda grande guerra foram anos de fortalecimento das democracias, enquanto ideia em ascensão, pelo mundo. Entretanto, na época em curso o que podemos ver, e cada vez mais, são pessoas convencidas de que a democracia seja realmente uma coisa boa. E porquê? 
Respondo, porque a democracia está em decadência. Aqui, peço um pouco de calma ao leitor. A primeira vista pode soar como uma ideia muito radical, mas eu explico melhor, antes um parêntese, na verdade não podemos usar os acontecimentos recentes ocorridos nos países da região norte da África como um crescimento da democracia pelo mundo, ainda é cedo para julgar o que de fato ocorreu nesses países, fecho o parenteses e volto ao ponto da decadência das democracias; o que assistimos, com raras exceções, são Estados subcontratando, isto é, tarefas que antes eram exercidas pelo Estado, ou que este deveria realizar, sendo planejadas, organizadas e executadas por setores não pertencentes ao Estado.
Quais os efeitos desses acontecimentos, o divórcio entre o poder e a política. Logo, um Estado relativamente sem poder consegue oferecer cada vez menos aos cidadãos, daí a duvida a cerca da qualidade da democracia e da sua durabilidade, ao menos, com as características atuais.
Continuando ainda no caminho das observações, sem fazer profecias. Talvez, estejamos presenciando a gestação de uma democracia em escala global, enxergar como será possível é uma tarefa árdua, afinal como imaginar uma forma dos Estados continuarem defendendo os direitos dos seus cidadãos. Seguindo na mesma toada, não é tarefa fácil para o Estado continuar defendendo sozinho o futuro da democracia.
A bem da verdade, temos que entender que as instituições democráticas e seu funcionamento, da forma como conhecemos hoje, foram criadas e adaptadas para um tipo de sociedade bem diferente da que vivemos, mas que teve sua importância e utilidade. Portanto, o desafio é criar equivalentes globais, iguais ou semelhantes, as inventadas por nossos antepassados; eles deram vida a democracia representativa de âmbito nacional, eles inventaram a jurisdição e não apenas leis locais, baseadas na tradição, criaram leis de abrangência nacional em lugar do direito consuetudinário.
Aqui, vamos traçar um comparativo, se Aristóteles [falo desse  pensador por ter sido o primeiro a escrever de maneira conceitual sobre a democracia] fosse vivo e visse como funciona nossa democracia, certo estou, que ele iria rir de todo esse teatro. Afinal de contas, a democracia pensada por Aristóteles para a Grécia Antiga era outra totalmente diferente, mais simples e limitada. 
A partir dessa argumentação é perfeitamente possível concluir que Democracia é um regime político que assume formas, estratégias e instrumentos distintos em momentos históricos diferentes, e, acredito que estamos vivendo em um que exige novas instituições, que sejam mais compatíveis com o alvorecer dos tempos.
Penso que o momento aponta para o surgimento de uma democracia nova, onde o Estado vai assumir o lugar das instituições que lhe dão sustentação e cederá seu lugar para uma espécie de Estado Global. Todavia, o que não está muito claro é qual será o papel do cidadão neste contexto pós-moderno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário