Tornou-se lugar comum, na
grande mídia, apontar trabalhadores em greve ou mesmo o exercício
deste direito - isso mesmo, direito! - como um problema social e de impacto
altamente negativo, especialmente, para as camadas menos favorecidas da sociedade
brasileira. Vale lembrar que a greve é um instrumento extraordinariamente
poderoso - talvez, esse seja o centro da questão - no equilíbrio, ou
seria desequilíbrio, das forças envolvidas no conflito que caracteriza as
relações econômicas, sociais e trabalhistas.
Por outro lado, diferente do fenômeno social
que a greve representa, o seu exercício não pode ser confundido com o próprio
direito em si, pois, enquanto o direito ao ato é simbólico, a sua prática
representa a mais nítida manifestação de cidadania, sem olvidar do aspecto
pedagógico que o ato atinge. Por conseguinte, se a greve de forma isolada
representa a libertação da classe-que-vive-do-trabalho [para usar uma expressão
de Ricardo Antunes em seu livro intitulado, Adeus ao trabalho: ensaio sobre as
metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho], o seu exercício soa como transcendência.
Aqui, não me darei ao trabalho de
contextualizar histórica e politicamente o cenário e os esforços empregados por
muitos cidadãos brasileiros na conquista desse patrimônio do trabalhador – a greve.
Afinal de contas, suponho ser do conhecimento de todos, se não em profundidade
ao menos de ouvir dizer, os esforços e tragédias dispensados nessa conquista. E,
no mais, não intento cansar o leitor tecendo uma colcha de retalhos das lutas e
batalhas que precederam esta conquista social.
Mas, vejamos, onde é que pretendo chegar? Vou
direto a questão que me motivou a escrever tal missiva. Conhecendo a realidade
brasileira – não que a conheça tão bem, porém a julgar pelo que chega ao meu
conhecimento – e de como inúmeros direitos, que são desconhecidos pela maioria
da população, são negados, ignorados, interpretados e reinterpretados a luz do
mais forte, ou seja, todos os recursos são disponibilizados para negar a
classe-que-vive-do-trabalho direitos que lhes pertencem, ao que consta, tem
garantias constitucionais, contudo, na pratica a realidade ecoa muito diferente,
pois o direito de exercício necessita de endereço, sobrenome e credenciais.
Diante do exposto, fico um tanto quanto
receoso, quando ouço, leio e vejo na grande mídia, seja ela local, regional
e/ou nacional, alguns formadores de opinião [radialistas, jornalistas, políticos,
empresários, intelectuais...] apontando a greve ou mesmo seu exercício como motivo, único e exclusivo,
causador dos infindáveis transtornos que assaltam à população.
Esquecendo-se de discutir o outro lado da
moeda. Por que não discutir com profundidade as razões que levam trabalhadores
em todo o país, quiçá no mundo, a cruzarem os braços como forma de forçar uma
negociação que atenue seus sofrimentos e minimizem a péssima qualidade como frequentemente é
prestado alguns serviços de utilidade pública, a saber, educação,
saúde, transporte, serviços bancários, telegráficos e de comunicação, além de
outros.
Esses criadores de catástrofes sociais,
que vêm na mobilização das massas um caos social, não enxergam [ou melhor, sabem
o que fazem, porém tentam mostrar o contrário] que a tentativa de acabar com as greves é uma ação coordenada por
uma aristocracia que tem como pressuposto a desigualdade essencial dos indivíduos,
refiro-me a desigualdade em todos os sentidos.
A questão é que a greve não fica apenas no plano das negociações de categorias de trabalhadores, ela tem se mostrado um mecanismo de democratização das relações de poder entre as várias camadas da sociedade, gerando uma correlação de forças, que tem se apresentado eficiente ao incluírem na vida política, camadas sociais até então excluídas. Sendo mais objetivo, rompendo com um padrão de mando oligárquico e antiquado.
Aqui, reside o problema central que a grande mídia e seus sequazes tentam esconder da população, em uma tênue cortina de fumaça, quando tratam do direito de greve. O medo, o pavor, o temor, o receio claustrofóbico desse exercício de cidadania amalgamar as classes superiores com os elementos situados nas camadas inferiores, que até bem pouco tempo estavam marginalizados da vida política brasileira.
A questão é que a greve não fica apenas no plano das negociações de categorias de trabalhadores, ela tem se mostrado um mecanismo de democratização das relações de poder entre as várias camadas da sociedade, gerando uma correlação de forças, que tem se apresentado eficiente ao incluírem na vida política, camadas sociais até então excluídas. Sendo mais objetivo, rompendo com um padrão de mando oligárquico e antiquado.
Aqui, reside o problema central que a grande mídia e seus sequazes tentam esconder da população, em uma tênue cortina de fumaça, quando tratam do direito de greve. O medo, o pavor, o temor, o receio claustrofóbico desse exercício de cidadania amalgamar as classes superiores com os elementos situados nas camadas inferiores, que até bem pouco tempo estavam marginalizados da vida política brasileira.

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