Os homens veem as cortinas
definem, conceituam...
cores, texturas, medidas,
eis o que chamam de tempo.
Todavia, atrás das cortinas
não veem, não conhecem,
mistérios ocultos,
ali reside O Eterno.
Atrás das cortinas
há uma ponte
[elo entre dois polos]
e entre os lados opostos há um abismo.
Mas a visão e conhecimento
não o ver, não há [sequer] vaga noção...
é invisível, é oculto, é real.
Aqui reside a revelação
para ir de um lado ao outro:
deve-se abrir mão da visão
deve-se perder a audição
deve-se amar o silêncio
deve-se invadir as trevas
[sem temor]
deve-se dar o primeiro passo.
Aquele que alcançar o primeiro passo
se converterá no taumaturgo,
aprendeu a não temer o fracasso,
aprendeu a não cortejar êxitos,
aprendeu que não é o corpo
nem os sentidos,
é luz e energia.
Ao atingir a outra margem,
descobre que ambas são semelhantes
e faz desaparecer o abismo.
Em lugar da ponte há um estrada de pedra:
mental
ritmado
vibratório
polarizado
causalidade
correspondente
masculino e feminino.
No outro lado,
descobrimos que ambos são semelhantes.
Os sentidos ressurgem [ampliados].
Crianças que somos,
[nos descobrimos]
até a fase adulta
muitas cortinas precisam se abrir.
E elas se abrirão,
quando o discípulo estiver pronto,
pois o mestre o aguarda.
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].

Um texto perfeito que nos leva a refletir bastante sobre nós, seres frágeis que somos. Parabéns!!!!
ResponderExcluirComo sempre, mais um belíssimo texto que nos enchem os olhos. Parabéns, parceiro!
ResponderExcluirResposta ao Tempo
ResponderExcluirOi eu lírico! Tudo bem aí do outro lado? Há quanto tempo não nos oferta seus textos, suas ideias, suas palavras, seus "transbordamentos". Confesso que sou admiradora dos seus poemas, eles sempre me fazem refletir e, sobretudo, aprender... sempre! É a missão da arte... imitar a vida. Lendo seus versos pensei sobre a vida... e como se fosse um diálogo (ainda que fictício), sinto-me compelida (quase intimada) a respondê-lo (ainda que no meu tempo)...
A primeira estrofe me faz pensar sobre todos os rótulos que recebemos em nossa trajetória, por todos os "eus" que se apresentam e se vão ou se mudam ou se perdem com o Tempo... o grande Senhor, the big joker, passado, presente, futuro... o eterno agora é só o que temos.
Abri algumas cortinas... não tão depressa como gostaria, algumas bem deterioradas, mas abertas! E sigo em rumo à outra margem... atravessando a ponte ou em pleno mar (não tão pleno ok?! É o mar!). O abismo me olha bem de perto e eu o olho de volta... não há cortinas... apenas o tempo... que insiste em passar...pisco...lá se foram mais 5 meses!
E a revelação: É real! Para ir de um lado ao outro... é preciso perder, é preciso abrir mão, é preciso se amar, é preciso invadir trevas (vai com temor mesmo), dar o primeiro passo... Para onde José? Para onde?
Não sei se me converti em taumaturgo... mas já fui rotulada de "santinha", operei alguns "milagres", advinhei (ou tentei) bastante... só sobraram retalhos dos mais diversos rótulos.
Diga-me poeta: Quem é o Taumaturgo? Quem é o Discípulo? Quem é o Mestre? Como os reconhecerei? Diga-me... pois, outra margem, já estou a caminho.