quarta-feira, 27 de abril de 2022

O RAMALHETE




Até os mais fortes amolecem,

não há fibra diante do calor em chama,

não há metal que resista ao forno de fundição.


SENHORA:

- Não deve lançar-se às flores,

deves antes, selecioná-las

e as colher em tempo certo,

pois quem não controla

os imperativos do coração

não controla a vida.


POETA:

- O sentimento minha senhora,

faz morada acima das convenções;

não há estradas pavimentadas 

por onde caminha o coração.


A razão, ríspida e intrépida,

ouve o amor anunciar.

- A musa, dar-lhe-ei:

alma,

coração,

vida...

Enfrento o mundo 

[se necessário for]

para oferece-lhe uma rosa escarlate!


O amor inebriado é cristal.

As convenções são martelos.


É a brisa leve a bailar

É a vassoura a recolher haplopétalos secos.


É doçura e bondade

É orgulho e dever.


O amor é touro valente

A convenção é toureiro a brandir o capote.


É saudade que dói

É dor que sufoca inquebrantável.


Somente os loucos e os poetas

são agraciados com o desnudar-se da Vênus.

A lucidez e o dever a vestem.


O amor

- eis o sentimento mais excelso-

é vaidoso e exige dos mortais

o que lhes é mais raro,

a vida.

Ademais, o que é a vida sem amor

se não a morte a vestir-se em renda Chantilly.



José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].


    

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