quinta-feira, 28 de abril de 2022

METAMORFOSE





Enterrei minha espada

e empilhei sete pedras sobre o local.


Em seguida,

rasguei meu manto

e me despi do medo.


Me pus em marcha

evitando as estradas

e à noite [cansado]

adormeço encarando as estrelas,

recuso-me a dividir um teto com fantasmas.


Resolvi despedaçar o mapa

e entrar no barco para velejar 

[sem velas]


Cortei o cabelo

Fiz a barba

... voltei a ver minha face.



José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].


quarta-feira, 27 de abril de 2022

O RAMALHETE




Até os mais fortes amolecem,

não há fibra diante do calor em chama,

não há metal que resista ao forno de fundição.


SENHORA:

- Não deve lançar-se às flores,

deves antes, selecioná-las

e as colher em tempo certo,

pois quem não controla

os imperativos do coração

não controla a vida.


POETA:

- O sentimento minha senhora,

faz morada acima das convenções;

não há estradas pavimentadas 

por onde caminha o coração.


A razão, ríspida e intrépida,

ouve o amor anunciar.

- A musa, dar-lhe-ei:

alma,

coração,

vida...

Enfrento o mundo 

[se necessário for]

para oferece-lhe uma rosa escarlate!


O amor inebriado é cristal.

As convenções são martelos.


É a brisa leve a bailar

É a vassoura a recolher haplopétalos secos.


É doçura e bondade

É orgulho e dever.


O amor é touro valente

A convenção é toureiro a brandir o capote.


É saudade que dói

É dor que sufoca inquebrantável.


Somente os loucos e os poetas

são agraciados com o desnudar-se da Vênus.

A lucidez e o dever a vestem.


O amor

- eis o sentimento mais excelso-

é vaidoso e exige dos mortais

o que lhes é mais raro,

a vida.

Ademais, o que é a vida sem amor

se não a morte a vestir-se em renda Chantilly.



José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].


    

terça-feira, 19 de abril de 2022

TAUMATURGO



Os homens veem as cortinas

definem, conceituam...

cores, texturas, medidas,

eis o que chamam de tempo.


Todavia, atrás das cortinas

não veem, não conhecem,

mistérios ocultos,

ali reside O Eterno.


Atrás das cortinas

há uma ponte 

[elo entre dois polos]

e entre os lados opostos há um abismo.

Mas a visão e conhecimento 

não o ver, não há [sequer] vaga noção...

é invisível, é oculto, é real.


Aqui reside a revelação

para ir de um lado ao outro:

deve-se abrir mão da visão

deve-se perder a audição

deve-se amar o silêncio 

deve-se invadir as trevas 

[sem temor]

deve-se dar o primeiro passo.


Aquele que alcançar o primeiro passo

se converterá no taumaturgo,

aprendeu a não temer o fracasso,

aprendeu a não cortejar êxitos,

aprendeu que não é o corpo 

nem os sentidos,

é luz e energia.


Ao atingir a outra margem,

descobre que ambas são semelhantes

e faz desaparecer o abismo.

Em lugar da ponte há um estrada de pedra:

mental

ritmado

vibratório

polarizado

causalidade

correspondente

masculino e feminino.


No outro lado,

descobrimos que ambos são semelhantes.

Os sentidos ressurgem [ampliados].


Crianças que somos,

[nos descobrimos]

até a fase adulta

muitas cortinas precisam se abrir.


E elas se abrirão, 

quando o discípulo estiver pronto,

pois o mestre o aguarda.




José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão].