quinta-feira, 13 de setembro de 2018

TRANFIGURAÇÃO

Eu já fui de esquerda
também já fui de direita
hoje estou sentado
entre os dois sentidos

Eu já estive embaixo
também já estive em cima
hoje estou a meia altura
cansa-me subir ou descer

Eu já servi à mesa
também já fui servido
hoje invento, preparo e como
meu próprio cardápio

Eu já acreditei em Deus
também já duvidei Dele
hoje acredito e duvido
sempre que ambos me beneficiam

Eu já fui romântico e fiel
também já sofri de Dom-juanismo*
e infidelidade
hoje amor e sexo são secundários

Eu já me pareci com você
também já tivemos divergências
hoje me olho no espelho e pergunto:
- quem é você?





José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe, Pós Graduado pela Faculdade Pio X em História do Brasil, Graduando do curso de Administração de Empresas pela UNIT, ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banese com certificação pela ANBIMA, blogueiro, poeta de ocasião e portador de SPNDLR [síndrome patológica de necessidade diária de leitura e reflexão].


* Dom-juanismo - O uso desse termo no texto simboliza um dialogo passado, que mantive com uma amiga por quem reservo grande carinho e admiração. O termo se refere a síndrome de dom-juanismo ou doença de caetano é um transtorno caracterizado por necessidade compulsiva por sedução, envolvimento sexual fácil, mas fracasso no envolvimento emocional, sendo assim, determinada por relacionamentos íntimos pouco duradouros ou até mesmo inexistentes. A síndrome faz menção a lenda espanhola de Don Juan, jovem sedutor que assassina o pai de uma das amantes, tempos mais tarde, encontra uma estátua do pai da moça e, de modo zombeteiro, a convida para um jantar; o convite foi aceito pela estátua do pai da moça, neste instante o fantasma do pai chegara como espécie de precursor da morte de Don Juan. Segundo a lenda, a estátua pedira para aperta-lhe a mão e quando este lhe estendeu o braço, foi por ela arrastado até o inferno.

Um comentário:

  1. O viver é dual: dia e noite, vida e morte, não e sim...Não passaremos imunes à inexorabilidade do tempo...não há como sofrermos a "síndrome de Gabriela": "eu nasci assim/ eu cresci assim/ eu sou mesmo assim/ vou ser sempre assim!". Tal característica da vida proporciona a nossa mudança, aos que se permitem...uma metamorfose ou, até mesmo, uma transfiguração. A maturidade nos faz mudarmos de posicionamento político, classe social, crenças religiosas...muda nossa ideologia, nosso modo de ver, encarar e sentir o mundo que nos cerca.
    Todavia, mesmo diante desse tempo implacável, podem se passar 5, 10, 15 anos, uma vida inteira....certas coisas, caro eu poético, nunca mudam!

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