terça-feira, 10 de novembro de 2015

SOU ISSO, MAS TAMBÉM SOU PROFESSOR.





"É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota. "
( Theodore Roosevelt ) 
 

Talvez você não tenha atentado para o veneno contido no título deste texto em relação ao ofício de professor. Isso mesmo, amigo! As palavras são vivas e, como tal, variam da euforia a melancolia, do amor ao ódio...revelam sentimentos. Se alguém diz, “prefiro ele a você”, a desaprovação contida em palavras escritas desencadeiam em nós reações as mais variadas, do contrário, se recebermos como resultado de uma avaliação as seguintes palavras: apto, excelente, ótimo desempenho... essas palavras diferentemente das anteriores, fazem emergir em nós um sentimento de alegria.

Pois bem, deixemos de lado a fala prolixa acima e vamos ao cerne da questão. O ofício de professor [afirmação extremamente pessoal] está se convertendo numa nódoa, uma espécie de lepra das ocupações, aqueles que possui essa atividade como ocupação não mais sentem o orgulho nem o brilho no olhar ao se revelarem professor. Isso mesmo! Quem diz o contrário está tentando se convencer, pois não convence a quem ouve, de uma grande mentira.

Quem, hoje, é professor e se mantém na profissão, busca outra ocupação ou para completar o orçamento financeiro ou para compensar a insatisfação com o trabalho. Quem possui dois vínculos no magistério reza todas as noites para santos e orixás no desejo de se aposentar de um deles ou dos dois, na melhor das hipóteses, o que é uma grande contradição com a fala que diz: “eu amo a sala de aula, eu adoro meus alunos”, porém os olhos não brilham, o riso não é espontâneo, alimentam um mentira como se verdade fosse. Agora, amigo, quando um colega de jaleco, apagador e giz fala para outro, “eu me aposentei de um dos meus vínculos do magistério, quiçá dos dois”; a face brilha igual paciente que acaba de fazer uma recauchutada de bisturi e butox, fica jovem, ganha vida.

Todavia, convenhamos, o calvário e sofrível. Há muito a sala de aula deixou de ser um espaço criativo, convidativo e dinâmico. Dê-me mais um instante da sua valiosa atenção e vou elencar alguns dos motivos que tornam a profissão secundarizada. Vivemos uma confusão conceitual na prática, nossos alunos não gozam de liberdade, mas de libertinagem, isso mesmo, licenciosidade de costume. Entregam-se de modo imoderado aos prazeres sexuais em tenra idade, desrespeitam os pais, os mais velhos, os mestres e ignoram valores compactuados e compartilhados histórico socialmente.

Vou me aventurar ser taxado de arrogante e autoritário, mas, em tese, são aprendizes, possuem um conhecimento limitado e se comportam de modo a afrontar e diminuir o conhecimento dos mestres. Recuso-me a aceitar questionamentos desacompanhados de fundamentação. Explico melhor, alunos que desconhecem o mínimo de ortografia não podem me aconselhar sobre a correta escrita.

Estamos alimentando monstros. Estou a falar de filhos que crescem à sombra dos pais, sem reservar a esses, o mínimo de respeito, sem conhecerem limites, sem cobranças, sem responsabilidades... e, em contrapartida, tendo tudo o que desejam. São vencedores sem glória.

Estou a denunciar que a educação pública do nosso país não funciona. E como façanha conseguiu algemar os agentes transformadores. Professor não pode reprovar, senão tem que justificar porque interrompeu a evolução de um aluno que não domina, que desconhece, o mínimo de saberes necessários ao processo de ensino-aprendizagem do ano seguinte na escala educativa.

Não vou me alongar em falar mais do mesmo, não vou engrossar o caldo dessa sopa que está no fogo faz tempo. Apenas quero dizer, o sonho d'antes não me visita faz tempo, o jardim tem dado lugar as pedras, o beija-flor não encontra mais flores... e eu, tenho feito muitas coisas, mas também [e ainda] sou professor.

Para meus alunos [quem é exceção sabe] dou nota CINCO por padrão e para os pais dos meus alunos dou nota ZERO.


José Ailton Santos - Esposo, Pai, Amigo, blogueiro e também Professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe.

2 comentários:

  1. Parabéns faço das suas palavras as minhas. .. bando de pais bananas e filhos desnorteados....
    Infelizmente no momento o que temos é isso....

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  2. Parabéns faço das suas palavras as minhas. .. bando de pais bananas e filhos desnorteados....
    Infelizmente no momento o que temos é isso....

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