segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

IGNORANTE POR NATUREZA




 
Como podemos nos debruçar

sobre diferentes aspectos

desiguais dos homens.


Como podemos chegar 

a origem da constituição

da natureza humana

- o homem primevo?


Como estudar e separar

as estratificações humanas?

O que é sua essência

e o que são acréscimos

[das circunstâncias]?

O que os anos modificaram

do estágio primitivo [origem]?


Quantos estudos inúteis

para entender o ser humano.

Porque uns são felizes

enquanto outros são tristes?

Porque uns são ricos

enquanto outros são pobres?

Porque uns mergulham

nas pronfundezas do amor

enquanto outros escalam

montanhas elevadas 

de desamor?


Porque uns trabalham

e geram excedentes para outros?

Porque uns matam semelhantes

por motivações alheias 

[estranhas a si]

enquanto outros pronunciam 

discursos de paz

sendo esses os verdadeiros fraticidas?


Porque os homens

gastaram séculos para entender

suas diferenças e semelhanças

se não conseguimos responder 

a equação básica 

inscrita no templo de Delfos*?


Homem, conhece-te a ti mesmo!


Existe algo ainda mais cruel,

quanto mais estudamos o homem

mais nos distanciamos do seu estado de origem.

E apesar de séculos de estudos

ainda somos incapazes de conhecê-lo.


Somos o absurdo, o homem absurdo**

que nos recusamos ao suícidio e a fé

e alimentamos a chama do conflito

entre o desejo por sentido

e o silêncio estrondoso do Universo.


Talvez, até o ato de pensar o homem

ponha em movimento um processo

[de soterramento]

de torná-lo ainda mais artificial.


Talvez, jamais posssamos chegar a convicção 

do homem em seu estado de pureza

por uma simples razão,

somos ignorantes por natureza.



JOSÉ AILTON SANTOS


* DELFOS - Foi um dos locais mais sagrados da Grécia Antiga, famoso por abrigar o Òraculo de Delfos" no interior do Templo de Apolo. Localizado nas encostas do Monte Parnaso, era considerado pelos gregos antigos como o "umbigo" do mundo, o centro geoggráfico e espiritual do universo.

** Referência ao conceito de "Homem Absurdo", na obra de a942, O Mito de Sísifo, de Albert Camus, que se utiliza da figura mitologica de Sísifo como metáfora definitiva para a condição humana e introduz o conceito de homem absurdo.

4 comentários:

  1. O homem é um universo em expansão, transcendente por natureza, impossível de ser alcançado pelo esforço da razão, faculdade presente na constituição do homem, incapaz de explica tamanha complexidade.

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  2. O homem é um calabouço infinito.

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  3. Parabéns! Sempre impecável nas palavras.👏🏻

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