As melhores conversas,
os melhores toques [sutis e sensíveis],
os melhores beijos,
as mais doces frutas,
as mais perfumadas flores;
são as colhidas em seu jardim.
Saiba,
nunca anelei tanto alguém,
de tantas formas e maneiras,
como a ti.
Descruze os braços
e me aperte entre o peito.
Deixe-me ser:
o beija-flor no bailado,
o pássaro que canta na antemanhã,
o aroma exalado das pétalas
[cravo e jasmin].
Descruze os braços
e não se esconda de mim,
a parte que protege em ti
[censora impiedosa de si]
é tão linda rosa,
quanto as que brotam em seu jardim.
Então,
pare de se proteger,
permita-se cair neste abismo
e confie que estarei de braços abertos
para te acolher.
Deixe-me ser o cultivador desse raro jardim.
E se em murmúrio
alegas que te faço suar,
mesmo longínquo de ti,
é porque sou metal em fundição,
enquanto você
é a temperatura que me põe em ebulição.
Bem diz o repente do cantador:
Quanto mais florido é o jardim,
mais íntimo é o jardineiro das flores;
ele as conhece em suas particularidades
e elas o conhece:
pelos passos calmos,
pelo silêncio que acalma,
pelo som que sai dos lábios [assovio].
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, graduando do curso de Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão]

Excelente!
ResponderExcluirMuito bacana, Mestre, Ailton!
ResponderExcluirBelo poema!
ResponderExcluirJá compartilhei.
Também fiz uso de algumas passagens, que, de tão belas e bem apresentadas, expressas impressões do mundo romântico!
Como a flor poderia discruzar os braços? Se são sua proteção, se é o que a deixa segura. O que os seus braços cobrem é mais que censura. Eles são sua blindagem, seu escudo. Ela já permitiu que o beija flor a tocasse, já ouviu a cantiga matinal do pássaro e sentiu aquele aroma que ainda vive em seu olfato. Já desejou tanto de tantas formas que queimou de desejo e se lançou no abismo de braços abertos, e quando chegou ao fundo ouviu até o assovio, mas apenas os distantes sons dos ecos o traziam. Ela cruza os braços para proteger-se das intimi-dades.
ResponderExcluirComo o melhor dos jardineiros cultiva as plantas, você harmoniza as palavras. E nos
maravilhamos ao passear por elas como em um passei por um jardim vendo cada tipo de flor. Fantástico!
Descruzar os braços talvez seja difícil, intimidade é difícil. Quando descruzamos os braços, de certa forma, estamos vuneráveis. Estar vuneráveis traz medo, medo que o outro nos veja com lentes de aumento, perceba os detalhes, veja por trás do escudo dos nossos braços cruzados.
ResponderExcluirDescruzar os braços requer mais que confiança para se lançar no abismo, requer auto conhecimento. É preciso conhecer a si mesmo antes de cultivar outro jardim. É preciso se intimizar antes de ter intimidades.
Quanto ao jardineiro, com seu olhar criterioso e ao mesmo tempo contemplativo,ao conhecer as peculiaridades, ao poucos, constrói segurança para crescer intimidade, ao passo que braços são descruzados.
Texto maravilhoso.
Grato por compartilhar seu talento
Perfeito...
ResponderExcluirParabéns!!