Empoleirou-se na fachada
e se dispôs a pipilar,
um gemido de medo,
um som de seda rasgada.
Acordou-me assustado
sem nenhuma cerimônia.
Desta vez,
Eu - era o moribundo.
Lembrei das histórias
e um frio me arrepiou
a parte posterior do pescoço.
O sino badalou,
fez soar por todo o vale
- início da madrugada -
E, em seguida, ouviu-se,
repetidamente,
o som da ruína.
A ave emitia seu gemido de augúrio.
Diz o cancioneiro popular:
"o canto desta ave
é prenúncio da morte".
E eis que tens razão!
Posso atestar.
Ontem, a ave piou em minha casa
e hoje, ao invés da morte,
meu vizinho [trouxe vinho] e veio cear comigo.
Antes de se despedir, confessou:
- a carne cozida estava deliciosa!
Antes de se despedir, confessou:
- a carne cozida estava deliciosa!
E se é certo que a ave
é prenúncio da morte.
Por certo,
nem a ave
nem o agouro
nem a morte
nem as carpideiras**
...
voltarão a visitar alhures.
Ao menos, não por ora,
enquanto mira e estilingue
estiverem atilados.
* - A coruja-rasga-mortalha possui o nome científico de Tyto Furcata. Ela pertence a família Tytonidae e é conhecida em inglês como American Barn Owl. Esta ave é conhecida por muitos nomes que se referem a sua aparência, como: Coruja-branca, corja-de-prata, coruja-demônio, coruja-fantasma, coruja-morte, coruja-de-noite, coruja-rato, coruja-caverna, coruja-de-pedra, coruja-passatempo, coruja-maquineta, coruja-de-peito-branco, coruja-dourada, coruja-de-palha, coruja-curral, coruja-delicada, coruja-das-torres, coruja-da-igreja, coruja-do-campanário e principalmente, como Suindara, esse último associado a uma lenda. Popularmente, no Nordeste brasileiro, dizem que se uma coruja rasga-mortalha pousar no telhado ou na sacada da casa de alguém e piar um som semelhante ao de um rasgo de seda, é sinal que alguém na residência falecerá muito logo.
** - Mulheres de mais de 30 anos, a quem se pagava para chorar nos funerais.
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, graduando do curso de Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão
José Ailton Santos - Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe [UFS], Pós-graduado pela faculdade Pio X em História do Brasil, graduando do curso de Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes [UNIT], ex-professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe, funcionário efetivo do Banco do Estado de Sergipe com certificação pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais [ANBIMA], blogueiro, poeta de ocasião e portador da SPNDLR [Síndrome Patológica de Necessidade Diária de Leitura e Reflexão


