segunda-feira, 13 de julho de 2020

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS NO TRABALHO COM EQUIPES DE ALTO RENDIMENTO



A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS NO TRABALHO COM EQUIPES DE ALTO RENDIMENTO[1]




JOSÉ AILTON SANTOS
Graduando do curso de Administração de Empresas Bacharelado – EAD
UNIT - Universidade Tiradentes





RESUMO



O estudo busca demonstrar como a gestão de pessoas se ajustou para enfrentar as alterações ocorridas no início do século XXI nas relações e na natureza dos trabalhos, além de dar ênfase a importância da gestão de pessoas no processo de gestão dos trabalhos com equipes de alto rendimento. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica e as questões levantadas em caráter de hipótese demonstrou que equipes com alto rendimento precisam de uma gestão especifica, que saiba como atenuar problemas e aproximar talentos em prol de objetivos comuns. Além desses aspectos, o estudo apontou como a gestão de pessoas pode contribuir para suprir eventuais carências entre os colaboradores e enfatizar aspectos positivos de modo a aproveitar melhor o potencial de cada um dos colaboradores pertencentes ao time. Destaca-se também as constantes mudanças ocorridas nos ambientes de trabalho, de modo ubíquo, e como elas têm ocasionado e aquecido discussões sobre o tema do alto rendimento nos diferentes setores de trabalho, bem como a gestão de pessoas colabora com a extração de resultados acima do normal nas equipes.

Palavras-chave: Gestão de pessoas; Trabalho em equipe; Alta performance.

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa tratar da importância da gestão de pessoas para o elevado rendimento do trabalho das equipes, além de apontar elementos sem os quais a interação e alta performance não prosperaria. A partir do material pesquisado foi desenvolvido um olhar particular sobre a gestão de pessoas e sua interferência nos resultados dos trabalhos das equipes, sendo que o intento basilar deste texto é que as reflexões aqui postadas possam estimular outras pessoas, alunos, funcionários, empresários e empreendedores a desejarem aprofundar seus conhecimentos sobre o tema e seus impactos nos setores de trabalho e/ou nas atividades econômicas.
É notório que vivemos em um contexto que sinaliza o advento de mais um ciclo das revoluções técnico-científicas que atingiram o mundo no final do século passado e início deste, fortemente arraigada no uso do conhecimento como principal ferramenta, consequentemente houve uma profunda mudança no posicionamento das organizações em relação ao mercado. No mundo globalizado em que vivemos as empresas cada vez mais necessitam de rapidez e criatividade na solução de problemas advindos de seus processos e da incessante procura por tecnologias e produtos que satisfaçam os anseios de uma demanda em ascendência exponencial e que reduzam bruscamente os custos produtivos, mas que ao mesmo tempo, os harmonize com graus de excelência, de confiabilidade e qualidade.
Para atingir os objetivos acima mencionados, é primordial a atuação de equipes orientadas para resolver problemas e criar soluções, desenvolver estratégias e produtos. Cada vez mais é exigido que as equipes alcancem novos patamares, metas desafiantes sejam atingidas e que ainda mantenha acessa a chama da inovação. Por essas razões, as equipes – seu funcionamento e a interação entre seus membros – se transformam em temas de estudo, pesquisas e temas de interesse geral. Foi desse misto de temas que resultou o interesse para elaboração deste estudo acadêmico. Mas, o que é uma equipe de alto desempenho? Quais são os fatores e atributos que devem ser considerados durante a formação de uma equipe de alto desempenho? Como se formam, se mantém e se dissolvem as equipes de elevado rendimento?
Esse é um dos grandes desafios para as empresas. E o objetivo deste trabalho é apresentar um panorama, ainda que limitado, pois o tema é amplo e profundo, sobre como a gestão de pessoas é importante elemento para que as equipes de alto rendimento forneçam resultados acima dos normais. O presente trabalho está divido em três partes, a primeira onde será apresentado um ligeiro panorama das transformações que vivemos no início deste novo milênio, em seguida será elencado elementos que devem ser inseridos, estimulados e preservados nas equipes de trabalho para que esses atinjam elevado rendimento, e, por fim, como o alto rendimento das equipes tornam as empresas lucrativas, viáveis do ponto de vista do modelo de negócio e extremamente disputadas pelos futuros candidatos.

1 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO: DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS

Vivemos um contexto novo em todos os aspectos e essa novidade afeta irrestritamente todas as pessoas em todos os lugares do planeta, as mudanças impactam áreas econômicas, tecnológicas, sociais, culturais, legais, politicas, demográficas, ecológicas entre tantas outras. E são justamente essas transformações que afetam de modo sistêmico gerando resultados inesperados e incertos nas organizações. Independentemente de onde ocorram essas transformações elas afetam a todos, pois tudo se conecta de alguma forma, daí a preocupação das empresas em estar permanentemente alerta e com um olhar para os acontecimentos externos (CHIAVENATO, 2014).
As empresas têm percebido que as mudanças que provocavam alteração de modelos produtivos e que antes levavam séculos para serem consolidados, hoje se alteram em anos, às vezes, em menor tempo ainda. Basta lembrar que já vivemos sobre a égide de um modelo de sociedade agrária, onde “a possibilidade de produção de alimentos independente da caça e da coleta modificou sobremaneira a organização social” (SABBAG, 2007, p. 22), nesse modelo a integração do homem com a natureza era sua característica marcante. Séculos depois a humanidade experimentou uma outra realidade bem distinta, não mais baseada na terra e sim em instrumentos mecânicos voltados para a produção, estamos nos referindo a sociedade industrial, onde a colheita foi substituída pelo produto e quanto maior a produção maior seria o lucro (SABBAG, 2007).
Saltando dos modelos de sociedade e de produção já obsoletos, analisamos o contexto presente, onde impera o que conhecemos por sociedade do conhecimento. E se no passado “enquanto a terra simboliza a sociedade agrária e a cidade retrata a sociedade industrial, o que simboliza a sociedade do conhecimento é algo intangível, embora tão fecundo como a terra-mãe: a mente” [SABBAG, 2007, p. 24-25). Nessa nova fase vivida pela humanidade há ganhos e perdas, como nos outros momentos certamente, as atividades laboriosas sofrem mudanças, enquanto outras dão lugar a novas formas de produzir. E, nesse lapso, os trabalhadores que não conseguem acompanhar as mudanças ou migrarem para as novas atividades ficam sem trabalho e renda. Contudo a sociedade se reorganizar e os instrumentos de regulação se adaptam a nova ordem estabelecida.
Podemos afirmar que todo período de transição é excludente, pois ele nunca consegue fazer com que as pessoas migrem em sua totalidade do modelo em extinção para o modelo emergente, daí consequentemente surgem inúmeros problemas, sendo que no momento presente com um agravante, pois a mancha de povos e nações acaba sendo muito maior que no passado, pois antes as sociedades experimentavam essas mudanças em tempos distintos umas das outras, no entanto a transição para a sociedade do conhecimento abraça muitos povos e nações ao mesmo tempo, devido as relações estarem atualmente bastante interligadas.
A aceleração do tempo é umas das características mais marcantes dos novos tempos. E é possível afirmar que o conhecimento pôs esse tempo em alta rotação, gerando uma extraordinária produção de mais conhecimento, como exemplo, basta levar em conta que de 1450 até 1950, ou seja, um lapso temporal de quinhentos anos, o que se produziu de conhecimento foi superado pelos últimos 25 anos (SABBAG, 2014 apud DRUCKER, 1970). Se no passado as distâncias eram percorridas em dias, o conhecimento a partir de seus inventos tecnológicos encurtou essas distâncias abissais para questões de segundos, mas esse ganho de tempo não veio sem trazer consequências políticas e econômicas.
Umas dessas consequências é a crença do conhecimento sem limites, que põe em discussão a própria racionalidade e segurança da humanidade, na medida em que se implanta dúvidas e incertezas sobre a necessidade de se impor limites, ainda que artificiais, pois não podemos esquecer das consequências do conhecimento no uso de energia nucleares, agrotóxicos, clonagem de humanos entre outros. Outra questão que se levanta são as mudanças bruscas e profundas, causando a sensação que tudo é transitório e efêmero, uma espécie de desgoverno; podemos apontar também a ideia de aldeia global, que pasteuriza todos as culturas e civilizações em um estilo de vida homogêneo e hegemônico.
Além desses aspectos, ainda podemos citar a volatilidade do capital, que cria uma nova forma de capital - digital e especulativo -, pondo em estado de alerta e risco a economia de várias nações. Apenas para citar mais algumas consequências; riscos econômicos e incertezas políticas, destradicionalização, multiplicidade de interesses e necessidades, valores ambíguos, exclusão, riscos ambientais, insegurança, riscos do estilo de vida, vida apartada e unidimensional, perplexidade e defensividade, sentimento de traição à lealdade, falência do planejamento estratégico, maior competição que gera ameaças, produtos e serviços ganham dinamismo, crise de liderança e de competências e o valor atribuído aos negócios.
Apenas para comentar um pouco mais detalhado esses dois últimos impactos causados pelo avanço do conhecimento em nossa sociedade, podemos afirmar que a crise de competências ocasiona por tabela uma crise de liderança, pois no ambiente empresarial atual não se aceita mais a figura dos dirigentes onisciente e onipresente, em seu lugar surgem líderes que inspiram pessoas para seguirem rumo aos resultados ou lugares planejados, as tomadas de decisões são amparadas em informações e as pessoas conseguem manter sinergia mesmo em cenários com condições bastante duras e adversas (LEVITT, 1975 apud SABBAG, 2014).
Por fim, o valor atribuído aos negócios está voltado para a capacidade de aplicar conhecimento aos produtos, serviços, processos, relações, entre outros elementos, do que propriamente aos ativos patrimoniais concretos. Fica notório que o olhar temerário recai sobre esse novo contexto, pois há apegos aos tempos onde o mundo era mais calmo, estável e conhecido, e, por conta dessa situação, também fica claro que a sociedade do conhecimento precisa de pessoas, organizações e elementos que capacitem a sociedade adequadamente para enfrentar os novos desafios que emergem em meio a nova onda do mundo contemporâneo (SCHAFF apud SABBAG, 2014).

2 – ELEMENTOS ESSENCIAIS DA ALTA PERFORMANCE

As pessoas têm ganhado título de ativo mais relevante nas organizações, isso porque, as pessoas são as modeladoras da nova realidade vivida pelas empresas. Afinal, o cenário vivido até a última década do século XX não tem mais aplicabilidade no momento presente, a saber, as duas primeiras décadas do século XXI, intensificou drasticamente a competitividade, agravamento das incertezas, mudanças contínuas e aceleradas, forte migração da mão-de-obra da área industrial para de serviços. Diante das transformações apontadas e em busca de alcançar objetivos específicos e manter vantagens competitivas de forma continuada, as empresas e corporações tem estabelecido uma rotina constante de processos de adaptações. As razões e necessidades dessas adaptações foram expostas longamente nos parágrafos acima, afinal a presença viva de um mercado globalizado e a interação continua com áreas e setores diferentes tem exigido dos colaboradores das empresas maiores habilidades, competências e domínios de diversas teorias, além de uma efetiva gestão do conhecimento, que consequentemente exige maior interação entre as pessoas e os setores das empresas, situações que geram relações informais capazes de galgar obstáculos e limites (ALVES, 2017, TU, 2013).
O desenvolvimento de relações informais nos locais de trabalho é solo fértil para fomentar a flexibilização e horizontalização das relações de trabalho nas organizações; essa situação favorece a ruptura com a departamentalização, que cria atividades diferentes e que põe barreiras entre os colaboradores, desencadeando um clima de baixa circulação do conhecimento e limitação da obtenção desse mesmo conhecimento, além do desconhecimento das atividades desenvolvidas pelos demais colaboradores, que se amplia para âmbito geral da empresa. Esse problema é minimizado pela aproximação desenvolvida, quando do momento em que alguns desses colaboradores realizam algum trabalho, projeto ou atividade juntos, cria uma situação que possibilita o desenvolvimento de uma relação de proximidade e familiaridade (ALVES, 2017 e CHIAVENATO, 2014).
Para se atingir resultados de alta performance as organizações precisam construir relações por fora das definidas nos organogramas, pois são nessas relações que se encontram um maior número de colaboradores participando das tomadas de decisões e envolvidos em atividades coletivas de natureza mais colaborativa e cooperativa, pondo de lado os diferentes níveis hierárquicos, e, por sua vez, desencadeando o desenvolvimento de relações de confiança, solidariedade, cooperação e generosidade entre os envolvidos, ainda que sejam de diferentes setores (SCHEIN, 1982 apud ALVES, 2017). Nesse tipo de ambiente as pessoas são vistas como parceiros das organizações:

Como tais, elas seriam fornecedoras de conhecimentos, habilidades, competências e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a inteligência que proporciona decisões racionais e que imprime significado e rumo aos objetivos do negócio. Nesse sentido, as pessoas constituem o capital humano e intelectual da organização. Organizações bem-sucedidas tratam seus colaboradores como parceiros do negócio e fornecedores de competências, não como simples empregados contratados (CHIAVENATO, 2014, p.3)

Conforme preceitua o autor acima, as organizações que enxergam seus colaboradores como parceiros obtém melhores resultados em seus processos de trabalhos e, consequentemente, atingem resultados mais expressivos que as organizações com visões e posicionamentos distintos. No entanto, para atingir a alta performance entre os colaboradores e suas respectivas equipes, não basta tê-los como parceiros, é preciso desenvolver nos mesmos alguns elementos e fixá-los na sua rotina diária como se fosse um estilo de vida. Segundo (BERSOU, 2013 e CHIAVENATO, 2014), a presença desses elementos nas equipes é sinônimo de elevado nível de resposta ao comando, daí a necessidade de estar arraigado em toda cadeia de comando, do presidente aos supervisores, todos devem ter como responsabilidades: integrar e orientar novos colaboradores nas equipes, treinar e preparar as pessoas para as atividades do futuro, colocar as pessoas onde possam desenvolver o melhor de si, desenvolver relações agradáveis de trabalho, desenvolver habilidades e competências em cada colaborador, criar e manter níveis elevados de motivação, proteger a saúde dos colaboradores e fornecer condições adequadas de trabalho.
Além dos aspectos acima, podemos citar a interdisciplinaridade, que sendo bem conduzida leva os colaboradores e equipes a uma elevação do pensamento estratégico, e, para pôr em prática deve-se ter disciplina na gestão e um método de trabalho bem definido. Outro elemento a ser considerado é o de entrega, esse diretamente ligado ao conceito de honra, que se relaciona com o cumprimento de objetivos pré-definidos, seja na esfera individual ou coletiva, quando esse elemento se enraíza no corpo funcional há ganhos significativos nas questões ligadas as responsabilidades e as atitudes adquirem força. Há também, o controle das emoções a partir do aprofundamento dos diálogos, que servirá como remédio para curar as questões não resolvidas no interior das equipes, e, por fim, a sincronia operacional e mental como elemento vital para unir as equipes em momentos de incertezas, caos e de extrema complexidade (TU, 2013; CHIAVENATO, 2014, ALVES, 2017).
Nota-se que para equipes de trabalho atingirem alto rendimento, o trabalho de gestão de pessoas desenvolvido no interior das empresas e que se expande para todos os níveis, devem levar em conta, que todos os colaboradores devem receber educação, treinamento, motivação e serem lideradas para introduzirem em si mesmas uma espécie de espírito empreendedor e uma cultura de participação e de oportunidade e desenvolvimento pessoal.

As organizações bem-sucedidas proporcionam às pessoas um ambiente de trabalho acolhedor e agradável, com plena autonomia e liberdade para escolher a maneira de realizar seu trabalho. As pessoas são consideradas parceiras e colaboradoras, não funcionários batedores de cartão de ponto. Como diz Robert Waterman, as empresas que colocam acionistas, clientes e funcionários no mesmo nível, em vez de colocar os acionistas em primeiro lugar, são paradoxalmente aquelas que proporcionam o melhor resultado para seus acionistas (CHIAVENATO, 2014, p. 36).

Os colaboradores no interior das equipes também devem ter objetivos claros e alinhados com o do time, pois conforme mencionado anteriormente, em cenários de caos e complexidade é preciso que os colaboradores tenham consciência límpida dos objetivos fundamentais e estratégicos, do contrário toda a estrutura pode ruir, ou seja, precisam estar munidos de autossuficiência e autogestão. E, esses mesmos colaboradores, precisam adquirir grande poder de observação para saber o momento exato de extrair dos clientes a gama de conhecimento e inovações que eles possuem e que são muitas das vezes necessários para criar novos produtos e/ou serviços. Pode-se afirmar, que se os colaboradores ou as equipes possuírem esses elementos de modo cristalizado em suas consciências, não há outro caminho senão o da excelência e o da alta performance (TU, 2013, ALVES, 2017).

3        – IMPACTOS DA ALTA PERFORMANCE EM EQUIPES DE TRABALHO

Diante de tudo que foi relatado neste trabalho e do último aspecto a ser discutido, faz-se necessário destacar dois conceitos, o primeiro é o de gestão de pessoas e o segundo o de equipes de trabalho. O presente estudo entende gestão de pessoas como uma área extremamente ligada à mentalidade e à cultura empresarial que predomina nas organizações. É uma área que depende de vários aspectos das organizações, que englobam arquitetura organizacional, estilos de lideranças, processos internos, ramo de atuação, além de inúmeras outras variáveis (CHIAVENATO, 2014). Enquanto, que, equipes de trabalho não são meros agrupamentos de pessoas, pois a mera junção de pessoas em um dado setor ou atividade não representa o significado que equipes de trabalhos tem para o presente estudo. O conceito de equipe de trabalho é mais particular, pois representa um conjunto de pessoas agrupadas em torno de um ideal compartilhado, de um propósito comum, de um sentimento de pertencimento ou mesmo de uma identidade (SABBAG, 2007; ALVES, 2017).
Nota-se que uma equipe se diferencia do grupo por um elemento central, a união, a sinergia entre seus elementos constituintes. Enquanto um grupo compartilha informações, toma decisões e não envolve trabalho coletivo, que requer esforços conjuntos; uma equipe desenvolve esforço coordenado, gera sinergia positiva e permite a melhora do desempenho organizacional da própria equipe e da organização. Para ser uma equipe, os colaboradores devem gostar uns dos outros, afinal o bom relacionamento interpessoal garante a existência de uma equipe. A satisfação em fazer parte deve ser elemento chave, diferentemente dos grupos, que preferem que as coisas funcionem em conformidade, querem sempre que as coisas funcionem do mesmo jeito. Nesse ambiente narrado há monopólio da fala, quando há problemas busca-se um bode expiatório; quase sempre o colaborador mais fraco - isso na visão do grupo, pois muitas das vezes é o membro mais forte, daí a necessidade de excluí-lo (CHIAVENATO, 2014; ALVES, 2017, TU, 2013).
A opção por alguns modelos de gestão de pessoas inadequados vem conduzindo algumas empresas por caminhos espinhosos, gerando baixa produtividade e afetando a competitividade essencial ao tipo de negócio e a consequente questão dos baixos resultados obtidos; situação que ameaça a continuidade dos negócios e a própria sobrevivência das organizações que optam por esses modelos obsoletos. Justamente para reverter esse cenário de produtividade mínima é que as empresas vêm investindo nas equipes e na forma de geri-las, como já apontamos no tópico anterior. Por essa razão, esse estudo tem dado destaque a nova roupagem que a gestão de pessoas tem ocupado nesse novo processo e, na mesma toada, tem colocado sob os holofotes os efeitos da gestão de pessoas no trabalho das equipes de alto rendimento, além de destacar o cenário vivido pelas organizações contemporâneas neste início de século. Faz-se mister registrar que a gestão de pessoas é a grande responsável por definir a visão e objetivos, a metodologia escolhida na condução dos trabalhos e, por fim, os elementos sine qua non para pôr as equipes em funcionamento e extrair o que há de melhor em cada participante do time em favor do resultado coletivo, pois o ponto de partida pode até nascer do talento individual, todavia a sequência do processo dependerá de um sentimento e ambiente compartilhado – sonho comum (TU, 2013; CHIAVENATO, 2014).
Aqui, não se trata de homogeneizar todos os colaboradores que compõe as equipes, e sim, de integrar as diferenças existentes em cada um deles, e, por mais que sejam preservadas as características individuais de cada um, o resultado da integração é maior do que o total das individualidades (PAMPOLINI, 2013). Neste momento, começa a ser apresentado o conceito de alto desempenho demonstrado por algumas equipes de trabalho, pois o elevado desempenho está associado àqueles que superam os padrões e limites comuns ou convencionais, gerando espanto e surpresa pelos resultados que conseguem desenvolver ou apresentar. Vejamos:

Caracterizam seus membros como tendo profundo senso de propósito, metas mais ambiciosas e uma complementaridade de conhecimentos e habilidades, expectativas altas em relação a si mesmas e aos demais, principalmente em relação aqueles com quem trabalham diretamente. Reis et al. (2007) também afirmam que as equipes se diferenciam das demais equipes pela intensidade das ações realizadas e nas atitudes e habilidades dos membros da equipe. MORE et al, 2012, p.3.


Nota-se que as equipes de alto desempenho se destacam em relação as demais a partir do nível de compromisso e comportamento dos seus membros, sempre acima dos padrões normais de atuação. Entre os colaboradores das equipes há sempre uma complementaridade de conhecimentos e habilidades, quando o assunto é desafio que exigem grande esforço das equipes, como por exemplo, restrições ambientais, atendimento aos clientes, ameaças competitivas e alterações de tecnologia, situações que exigem esforços muito superiores aos de um único colaborador – por mais elevada que seja sua qualificação – ou de grupos de trabalhos. Daí se afirmar que, quando a atividade de trabalho cobra para sua execução capacidade de julgamento, competências muito distintas e várias habilidades, o desempenho de equipes de alto rendimento é superior à ação isolada ou a de grandes grupos de pessoas. Daí a gestão de pessoas assumir elevado grau de importância, pois as pessoas dentro das organizações se converteram em principal ativo e as organizações bem-sucedidas compreenderam cedo que para crescer, prosperar e manter a continuidade dos negócios precisam encontrar meios de dar retornos justos aos investimentos – tempo, conhecimento e dedicação - dos colaboradores (SABBAG, 2007; CHIAVENATO, 2014).
Equipes de trabalho com elevado desempenho tem outro diferencial em relação as equipes normais, a saber, as organizações não fazem gestão de pessoas de equipes de alto rendimento, pois a gestão ocorre com elas e não para elas. E para evitar que a gestão seja voltada para as pessoas, a fase inicial de relacionamento do colaborador com a empresa deve ser muito bem desenvolvida, ou seja, a empresa deve ter bastante habilidade para recrutar, selecionar, treinar e manter as equipes de elevado rendimento, pois esse é o que poderíamos chamar do principal obstáculo para os negócios. O resultado reflete no modo como a gestão ocorrerá, afinal há uma enorme diferença entre gerenciar pessoas e gerenciar com elas. Se no primeiro exemplo as pessoas são o objeto que sofrem manipulação das gerências, direcionadas, guiadas e controladas para atingir fins específicos. No segundo caso, as pessoas são protagonistas das gerências, pois elas próprias se guiam e assumem o controle para alcançar os fins da empresa e seus próprios objetivos pessoais (MORE, 2012; CHIAVENATO, 2014).
A construção de equipes de trabalho de alta performance não ocorre de qualquer modo, tão pouco surgem do acaso, há caminhos a serem percorridos para se chegar ao resultado acima do normal. Podemos apontar os seguintes, primeiro, as chamados pseudo-equipes, que são grupos onde a presença de objetivos coletivos inexiste, ao contrário, o que se observa é a ênfase nos objetivos individuais de cada colaborador. No segundo momento temos as equipes potenciais, esses apresentam resultados baixos, contudo tem consciência que precisam melhorar em variados aspectos; o terceiro momento apresenta o que chamamos de equipes reais, onde há colaboradores que atuam em conjunto e coordenados, desenvolvendo atividades coletivas para alcançar os objetivos da empresa. E, por fim, há o último estágio, onde se observa a atuação de equipes de alta performance, nessas equipes o rendimento está acima das equipes anteriores (MORE, 2012 apud PINTO, 2010; KATZENBACH e SMITH, 1994).
Nota-se que constituir uma equipe ou várias delas com alta performance não é tarefa simples nem ocorre no curto prazo dentro das organizações, porém para que essa realidade aconteça é preciso ter uma boa gestão de pessoas cristalizada na essência dessas organizações. Os colaboradores devem ter domínio de relação interpessoal e, fundamentalmente, haver integralidade entre todos os membros da equipe, ninguém deve deixar de compartilhar dos mesmos objetivos, não importando se a equipe é formada por profissionais já existentes na organização ou se é composta por novos profissionais. Por isso, é preciso que se diga que para fazer parte de equipes de alta performance os colaboradores devem possuir atributos individuais e atributos ambientais dentro de um contexto coletivo. Os primeiros atributos devem ser: pró-atividade, criatividade, influência, capacidade de comunicação, responsabilidade, ética e competência (aptidão) e o segundo grupo de atributos são: clareza de objetivos, clima aberto e favorável, confiança entre os membros e flexibilidade - capacidade de se adequar a uma nova equipe ou receber um novo membro, afinal todos são substituíveis – (MORE, 2012; CHIAVENATO, 2014, TU, 2013).

O resultado de uma boa gestão de pessoas em equipes de alta performance é o fiel da balança, é um divisor de águas, é a cereja do bolo, em resumo, representa a diferença entre o sucesso e o fracasso. Podemos ousar afirmar, que mesmo para um colaborador de destaque e talentos inigualáveis, não saber trabalhar em equipe ou não ser capturado por ela, pode ser um erro no trabalho de gestão de pessoas e na decisão do mesmo, que certamente limitará sua carreira.

Mesmo que isso pareça óbvio, é mais fácil falar do que fazer. Grandes times são raros, e mais raros ainda são times que permanecem grandes por muito tempo. A maioria de nós já vivenciou o estímulo e a camaradagem que resultam do trabalho em sincronia com outras pessoas, mas também já passamos por reuniões improdutivas, intermináveis, conflitos destrutivos e a sensação de mesquinharia de que nossos colegas não estão trabalhando tanto quanto nós e, mesmo assim, recebem tratamentos mais favoráveis (TU, 2013, p. 8).


Esse trabalho finaliza afirmando que gestão de pessoas e suas respectivas competências representa - no cenário atual vivido pelas organizações e colaboradores - uma questão delicada e de extrema relevância para o planejamento estratégico de qualquer empresa. E, por sua vez, é importante demais para ficar limitada as ações de uma gerência, setor ou repartição das empresas, sejam elas públicas ou privadas (ALVES, 2017). Outra afirmação é que as equipes de alta performance são difíceis de se constituir e uma vez formadas é sabido que irão se dissolver em algum momento, pois os colaboradores de desempenho acima do normal, sentem o momento de maturidade e declínio das equipes e optam em enveredar por outros caminhos, seguindo projetos novos, individualmente ou em novas equipes. A partir desse ponto, eis que surge um novo desafio a gestão de pessoas e as empresas, a saber, como reter esses talentos para que não migrem para empresas concorrentes e como desenvolver novos talentos para que as equipes não se fragmentem e sejam fragilizadas, levando essas mesmas empresas a perda do seu principal ativo – as pessoas – e da sua capacidade competitiva.

REFERÊNCIAS:

 ALVES, Bartolomeu. Pilares das organizações do futuro: o que gestores públicos e privados devem conhecer. São Paulo: Dash Editora, 2017.

BERSOU, Luiz. Os oito passos necessários para construir equipes de alto desempenho. Coluna Gestão Empresarial. Revista O Papel – dezembro/December, 2013. Disponível em: <http://www.revistaopapel.org.br/noticia-anexos/1386770330_f96ab85bb0cb9671da27d8ed6b0b34ee_1769942633.pdf>. Acesso em 28/06/2020 às 01:00.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. – 4. Ed. – Barueri, SP: Manole, 2014.

CHRISTENSEN, Clayton M. ... [et al]. Gerenciando a si mesmo. Harvard Business Review; tradução de HBV Harvard Business Review Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

MORE, Jesus Domech... [et al]. Fatores que incidem na formação de equipes de alto desempenho. XXXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção - desenvolvimento sustentável e responsabilidade social: As contribuições da engenharia de produção. Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro, 2012. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2012_TN_WIC_163_951_20999.pdf>. Acesso em: 28/06/2020 às 00:45.

PAMPOLINI, Claúdia Patrícia Garcia. A liderança e a gestão de equipes de alto desempenho na gestão estratégica de pessoas. Centro Universitário Uninter. Revista ADMpg Gestão Estratégica, Ponta Grossa - PR, v.6, n.2, p.57-63, 2013.
Disponível em: <http://www.admpg.com.br/revista2013_2/Artigos/07%20-%20Artigo7.pdf>. Acesso em: 28/06/2020 às 00:30.

SILVA, Auriérico dos Santos da... [et al]. Equipes de alta performance e o papel do líder como construtor de resultados. FATEB, 2011. Disponível em: <http://pg.utfpr.edu.br/expout/2011/artigos/24.pdf.> Acesso em: 28/06/2020 às 00:03.

TU, Khoi. Supertimes: os segredos de sete equipes vencedoras para um desempenho fora de série; tradução: Peterso Rissati. – 01ª ed. – São Paulo: Portfólio – Penguin, 2013.

SABBAG, Paulo Yazigi. Espirais do conhecimento: ativando indivíduos, grupos e organizações. – São Paulo: Saraiva, 2007.





¹ - Artigo apresentado a Coordenação do curso de Administração de Empresas Bacharelado, modalidade EAD, da UNIT [Universidade Tiradentes], como requisito final de avaliação da disciplina Estágio Supervisionado I, período 2020.1, que tem como coordenador do curso o Prof. Me. José Walter Santos Filho, como orientador o Prof. Me. Mário Eugênio Paula de Lima e co-orientador a prof. ª Maísa Amorim.