Nunca fui dado a beber sozinho.
Mas um dia desses, invulgar,
permitir-me experienciar;
nada sensacional!
não foi bom nem ruim
apenas, diferente.
Alguns pensamentos soltos,
o desejo por seres ausentes.
A mente sem arreios,
não harmonizava
e, feito equilibrista, ia do:
comum ao incomum
do certo ao errado
do sagrado ao profano.
Nada de freios e contrapesos.
Já passava das três taças
imergido no universo de Baco*
chego à certeza, que, há poesia em tudo!
Desde que não falte sentimentos.
A delícia e o castigo
não são atributos exclusivo de Raskólnikov**
o teatro do julgamento celestial mitológico se resume em mim:
sou réu, sou acusador e juiz também.
Ah! Essa parte é a mais doce, ser juiz de mim mesmo***.
Eu faço o drama,
arquiteto as narrativas mais hedionda.
Contudo, sempre me absolvo!
Sempre, sempre, sempre...
Por gentileza, mais uma taça!
* É o conhecido deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais, pela cultura romana, as festas em sua homenagem eram chamadas de bacanais. Já na cultura grega é conhecido como Dionísio, cujo mito é tido como mais antigo entre alguns escritores.
** Rodion Românovitch Raskólnikov - é um jovem inteligente, universitário, filho do seu tempo e personagem central da obra, Crime e Castigo, do escritor russo, Fiódor Dostoiévski.
*** Reflexão inspirada na obra, O cógido penal celeste, do escritor e Rabino, Nilton Bonder.
