domingo, 29 de novembro de 2015
SATANÁS: DO EQUÍVOCO MORAL AO PERSONAGEM MÍTICO
Em alguns casos, cortar os galhos não resolve, é preciso extirpar a planta por inteiro; de modo análogo, quem se exercita na superfície não conhece os mistérios do fundo do rio, pois o preço para conhecer tais mistérios é mergulhar, ir às profundezas, tarefa que exige fôlego e coragem. Doravante, tentarei iniciar meu mergulho refutando um texto de autor familiar, intitulado, Satanás: um mal moral ou um bem necessário?
terça-feira, 10 de novembro de 2015
SOU ISSO, MAS TAMBÉM SOU PROFESSOR.
"É
muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e
glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os
pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque
vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.
"
(
Theodore Roosevelt )
Talvez
você não tenha atentado para o veneno contido no título deste
texto em relação ao ofício de professor. Isso mesmo, amigo! As
palavras são vivas e, como tal, variam da euforia a melancolia, do
amor ao ódio...revelam sentimentos. Se alguém diz, “prefiro ele a
você”, a desaprovação contida em palavras escritas desencadeiam
em nós reações as mais variadas, do contrário, se recebermos como
resultado de uma avaliação as seguintes palavras: apto, excelente,
ótimo desempenho... essas palavras diferentemente das anteriores,
fazem emergir em nós um sentimento de alegria.
Pois
bem, deixemos de lado a fala prolixa acima e vamos ao cerne da
questão. O ofício de professor [afirmação extremamente pessoal]
está se convertendo numa nódoa, uma espécie de lepra das
ocupações, aqueles que possui essa atividade como ocupação não
mais sentem o orgulho nem o brilho no olhar ao se revelarem
professor. Isso mesmo! Quem diz o contrário está tentando se
convencer, pois não convence a quem ouve, de uma grande mentira.
Quem,
hoje, é professor e se mantém na profissão, busca outra ocupação
ou para completar o orçamento financeiro ou para compensar a
insatisfação com o trabalho. Quem possui dois vínculos no
magistério reza todas as noites para santos e orixás no desejo de
se aposentar de um deles ou dos dois, na melhor das hipóteses, o que
é uma grande contradição com a fala que diz: “eu amo a sala de
aula, eu adoro meus alunos”, porém os olhos não brilham, o riso
não é espontâneo, alimentam um mentira como se verdade fosse.
Agora, amigo, quando um colega de jaleco, apagador e giz fala para
outro, “eu me aposentei de um dos meus vínculos do magistério,
quiçá dos dois”; a face brilha igual paciente que acaba de fazer
uma recauchutada de bisturi e butox, fica jovem, ganha vida.
Todavia,
convenhamos, o calvário e sofrível. Há muito a sala de aula deixou
de ser um espaço criativo, convidativo e dinâmico. Dê-me mais um
instante da sua valiosa atenção e vou elencar alguns dos motivos
que tornam a profissão secundarizada. Vivemos
uma confusão conceitual na prática, nossos alunos não gozam de
liberdade, mas de libertinagem, isso mesmo, licenciosidade de
costume. Entregam-se de modo imoderado aos prazeres sexuais em tenra
idade, desrespeitam os pais, os mais velhos, os mestres e ignoram
valores compactuados e compartilhados histórico socialmente.
Vou
me aventurar ser taxado de arrogante e autoritário, mas, em tese,
são aprendizes, possuem um conhecimento limitado e se comportam de
modo a afrontar e diminuir o conhecimento dos mestres. Recuso-me a
aceitar questionamentos desacompanhados de fundamentação. Explico
melhor, alunos que desconhecem o mínimo de ortografia não podem me
aconselhar sobre a correta escrita.
Estamos
alimentando monstros. Estou a falar de filhos que crescem à sombra
dos pais, sem reservar a esses, o mínimo de respeito, sem conhecerem
limites, sem cobranças, sem responsabilidades... e, em
contrapartida, tendo tudo o que desejam. São vencedores sem glória.
Estou
a denunciar que a educação pública do nosso país não funciona. E como
façanha conseguiu algemar os agentes transformadores. Professor não
pode reprovar, senão tem que justificar porque interrompeu a
evolução de um aluno que não domina, que desconhece, o mínimo de
saberes necessários ao processo de ensino-aprendizagem do ano
seguinte na escala educativa.
Não
vou me alongar em falar mais do mesmo, não vou engrossar o caldo
dessa sopa que está no fogo faz tempo. Apenas quero dizer, o sonho
d'antes não me visita faz tempo, o jardim tem dado lugar as pedras,
o beija-flor não encontra mais flores... e eu, tenho feito muitas
coisas, mas também [e ainda] sou professor.
Para
meus alunos [quem é exceção sabe] dou nota CINCO por padrão e
para os pais dos meus alunos dou nota ZERO.
José Ailton Santos - Esposo, Pai, Amigo, blogueiro e também Professor efetivo da rede estadual de ensino do estado de Sergipe.
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