sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A ARTE IMITA A VIDA



Quisera fosse um confeiteiro,
ainda que por curto tempo. 
Quisera a vida fosse um bolo?!

Ah! Quantas possibilidades!

Esteja certo, meu amigo,
não iria perder tempo 
em descobrir a receita correta
ou em fazer o bolo perfeito.

Apenas:
sujaria
ousaria
misturaria...
e comeria 
                     [bastante].
antes de fazer,
enquanto faço
e depois de pronto.

Provaria um pedaço,
outro,
mais outro, 
outro mais 
e novamente outro...

quiçá comeria o bolo inteiro,
sem a culpa tradicional 
de reservar um pedaço 
para o próximo.

Isso mesmo!
Me deliciaria!

Sentiria o sabor:
entre os lábios
e a ponta da língua,
sem, sequer, 
preocupar-me,
em lavar as mãos entre uma tarefa e outra. 

Tão pouco me preocuparia com:
 coloração, 
tamanho, 
formato...

Ainda sobre o ofício de confeiteiro
ou sobre o bolo
ou, quem sabe,
sobre a vida.

Digo-te: 
- na minha cozinha, não há receitas, 
apenas ingredientes 
à espera de imaginação
e mãos hábeis.




[José Ailton Santos]